Situações iguais, tratamento desigual
Ao cobrar uma ação mais dura dos EUA contra o regime golpista de Honduras, o presidente deposto Manuel Zelaya e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, caem em contradição. Os dois sempre engrossaram o coro dos líderes da América Latina contrários às intervenções ianques na região. Há um consenso entre latino-americanos de que os EUA devem parar de impor suas políticas na América do Sul, América Central e Caribe.
Brasília - Durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, em Brasília, o presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, elogiou o apoio do Brasil ao seu pleito para ser restituído ao cargo, mas reclamou que os Estados Unidos podem "fazer mais" para pressionar o governo golpista do país centro-americano.
"Os Estados Unidos mantiveram uma posição firme (contra o golpe), mas podem fazer mais porque 70% da economia hondurenha depende do comércio com os EUA. Os EUA podem estrangular mais facilmente os golpistas e reverter esse ma u exemplo para a América Latina", disse Zelaya.
O presidente deposto esteve em Brasília como parte da sua gestão internacional para recuperar o poder em Honduras. Ele foi afastado por um golpe de Estado em 28 de junho, retirado de sua casa sob a mira de armas e levado para a Costa Rica por militares.
Apoio
O governo brasileiro se comprometeu a atuar como espécie de "advogado de Zelaya. O chanceler Celso Amorim afirmou que as demandas do presidente deposto serão levadas ao governo norte-americano.
"Claro que o presidente Lula se dispôs, no momento adequado, a falar com o presidente (Barack) Obama, disse Amorim. "O importante é não ter dúvida sobre o apoio do Brasil pela volta imediata, incondicional (de Zelaya ao poder).
Amorim afirmou que a preocupação do governo brasileiro agora é com o tempo. "Para que ele volte rápido é preciso que os golpistas entendam que eles não têm futuro e quem pode dizer isso com todas as letras para eles são os EUA, que têm maior influência direta. Hoje, cerca de 70% das exportações de Honduras vão para os EUA.
Depois do encontro com Lula, o hondurenho foi recebido no Congresso e chegou a fazer discurso na tribuna.
Protestos
Em Tegucigalpa, a polícia dispersou com bombas de gás lacrimogêneo uma manifestação a favor de Zelaya. O protesto percorreu avenidas principais da cidade e foi até as vizinhanças do Congresso, onde foi disperso. Os manifestantes agrediram o vice-presidente do legislativo hondurenho.
Os distúrbios começaram quando um grupo de manifestantes atacou e golpeou na rua o vice-presidente do Congresso, Ramón Velázquez, que saia do seu escritório na legislatura. O político, do Partido Democrata Cristão, recebeu socos e chutes.
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