Sderot, Israel - No dia mais intenso em três semanas de ofensiva contra o Hamas, o Exército de Israel voltou a ser alvo de críticas ao atingir a sede da agência de ajuda das Nações Unidas na Faixa de Gaza, mas também reivindicou um triunfo ao matar um dos principais líderes do grupo extremista.
A escalada ocorreu justamente no dia em que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, visitava Israel para pedir um cessar-fogo imediato. O governo israelense lamentou o incidente, mas afirmou que o Exército respondeu a disparos de militantes feitos de dentro da sede da organização.
Israel foi obrigado a se defender das críticas por ataques do Exército que atingiram outras duas instituições civis, um hospital e um prédio que abriga escritórios de jornalistas. Em ambos os casos, assim como no bombardeio à sede da ONU, houve apenas registro de feridos sem gravidade, mas o impacto negativo para a imagem de Israel reverberou todo o dia nos canais internacionais.
Em meio a informações imprecisas sobre progressos na frente diplomática, as tropas israelenses se aproximaram do coração da Cidade de Gaza, o principal centro urbano de uma das áreas de maior densidade populacional do mundo.
Fontes palestinas relataram que tanques se posicionaram a menos de um quilômetro da Universidade Islâmica, que fica no centro da cidade, dando início a um grande deslocamento populacional. Antevendo uma sangrenta batalha urbana, milhares de pessoas pegaram o que podiam e se afastaram do centro de Gaza.
Segundo o Exército, mais de 70 "alvos terroristas foram atingidos por fogo de artilharia, bombardeios aéreos e navais, incluindo uma mesquita na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que estaria sendo usada para o disparo de foguetes. Um dos ataques matou o ministro do Interior, Said Siam, o mais alto dirigente do Hamas executado desde o início da ofensiva, que completa hoje 21 dias.
Mas a intensificação dos ataques também teve efeitos indesejados, que aumentaram a pressão internacional sobre Israel. Três pessoas ficaram feridas quando a sede da UNRWA, agência de ajuda aos palestinos da ONU, foi atingida pela artilharia israelense. Um grande incêndio tomou conta do prédio, destruindo dezenas de toneladas de alimentos.
Metade da população de 1,5 milhão de pessoas de Gaza depende da ajuda da ONU para sobreviver. Foi pelo menos o quarto incidente envolvendo disparos israelenses e a ONU desde o início da ofensiva. No pior deles, uma escola da organização foi atingida por Israel, num ataque que deixou pelo menos 40 mortos. Como no ataque de hoje, o Exército israelense culpou os militantes do Hamas por usar instalações civis como escudos.
* * * * * *
Interatividade
Você concorda que o Brasil tome posição sobre o conflito em Gaza?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br ou deixe o seu comentário abaixo.
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.