O Irã vive uma nova onda de protestos desde uma de suas maiores e mais violentas noites de manifestações, de 16 a 17 de novembro, com movimentos se espalhando para cidades pequenas, com menos de 50 mil habitantes. Até quinze pessoas foram mortas durante a noite, elevando para 381 (sendo 57 crianças) o número de vítimas da repressão, segundo uma avaliação publicada em 18 de novembro pela organização Iran Human Rights, com sede na Noruega.
Cinquenta e sete policiais também foram mortos, de acordo com uma contagem do Arab Gulf States Institute, baseada em avisos fúnebres publicados na imprensa ou online. E, entre as 16 mil pessoas detidas desde o início do protesto, cinco foram condenados à morte na capital nesta semana.
"O Estado está pagando um preço alto porque continua a lutar para suprimir o movimento popular por liberdade e justiça", disse Hadi Ghaemi, diretor executivo da ONG Centro de Direitos Humanos no Irã.
As dissensões sobre como responder à crise estão surgindo dentro das correntes conservadoras, que descartaram qualquer oposição dita "reformista" depois de assumir o controle de toda a máquina do Estado desde a eleição do presidente Ebrahim Raissi. E isso, mesmo dentro do Parlamento, dominado pelos mais radicais, que apelam ao aumento da repressão multiplicando as ameaças e as declarações incendiárias. Contrariando suas posições, o presidente do Parlamento, Mohammad-Baqer Qalibaf, ex-comandante da Guarda Revolucionária, disse, no começo do mês, ser a favor da paz.
Ele até prometeu aos manifestantes "mudanças legítimas e necessárias nas esferas econômica, social e política" se eles encerrassem os protestos. Em 28 de outubro, ele criticou os conservadores por "abrirem a boca e dizerem e fazerem qualquer coisa sem calcular as consequências de seu comportamento". Foram tantas pedras colocadas no jardim do líder supremo iraniano, que ele pediu às forças políticas que se abstenham de qualquer ação que possa pôr em risco a unidade do país.
Deixe sua opinião