O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e filho do presidente Jair Bolsonaro, defendeu nesta terça-feira (14) a posse de armas nucleares e disse que o Brasil seria levado "mais a sério" caso tivesse um "poder bélico maior".
Ele não é o primeiro a defender a ideia, apesar de o Brasil ser signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). O ex-deputado Enéas Carneiro, morto em 2007, dizia que o Brasil deveria desenvolver uma bomba atômica para se impor diante da comunidade internacional.
Esse foi o caminho adotado pela Coreia do Norte, que em 2003 se retirou do TNP e três anos depois realizou o seu primeiro teste nuclear, acumulando pesadas sanções internacionais que aprofundaram a crise econômica no país.
De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), nove países possuem armas nucleares. Estima-se que existam 14.465 ogivas espalhadas pelo mundo. Rússia e Estados Unidos possuem cerca de 92% dessas armas, mas enquanto eles estão diminuindo o volume de seus arsenais, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte estão gradualmente aumentando a produção. Confira, abaixo, informações sobre os programas nucleares destes países com base em dados do Sipri e da ONG Nuclear Threat Iniciative.
Rússia
- Número estimado de armas: 6.850
- Número estimado de ogivas implantadas: 1.600
- Ano do primeiro teste nuclear: 1949
O colapso da União Soviética, em 1991, deixou a Rússia com um amplo arsenal de armas nucleares. Em janeiro de 2018, o país mantinha aproximadamente 4.350 ogivas nucleares. Cerca de 2.520 delas são armas estratégicas (implantadas em mísseis intercontinentais e em bases de bombardeiros pesados). A Rússia também tem cerca 1830 ogivas nucleares não-estratégicas (táticas), de pequeno poder explosivo, e estima-se que 2.500 ogivas nucleares tenham sido aposentadas ou estão aguardando desmantelamento.
A Rússia é signatária do TNP e também obedece ao New START, um acordo bilateral com os Estados Unidos para redução de armas nucleares, o qual deve expirar em janeiro de 2021. Sob esses pactos, a Rússia diminuiu significativamente o seu arsenal nuclear desde o fim da Guerra Fria, que chegou a ser de 40 mil ogivas.
Estados Unidos
- Número estimado de armas: 6.450
- Número estimado de ogivas implantadas: 1.750
- Ano do primeiro teste nuclear: 1945
Os Estados Unidos se tornaram a primeira potência nuclear do mundo em 1945 e continuam sendo o único país que utilizou armas nucleares em combate. Em janeiro de 2018 mantinham um estoque militar de aproximadamente 3.800 ogivas nucleares - quase 200 ogivas a menos do que no início de 2017, segundo o Sipri. Esta redução deve-se, em parte, à implementação contínua do New Start, firmado com a Rússia em 2010. Além disso, cerca de 2050 ogivas estavam armazenadas e cerca de 2650 aguardavam desmantelamento.
Os EUA colocaram em curso um programa de modernização nuclear em larga escala, visando substituir ou atualizar os sistemas nucleares terrestres, marítimos e aéreos; os sistemas de comando e controle do Departamento de Defesa dos EUA; e as ogivas nucleares e sua infraestrutura de apoio na Administração Nacional de Segurança Nuclear do Departamento de Energia. O custo estimado desta modernização é de US$ 400 bilhões para o período de 2017 a 2026.
França
- Número estimado de armas: 300
- Número estimado de ogivas implantadas: 280
- Ano do primeiro teste nuclear: 1960
O arsenal nuclear da França contém aproximadamente 300 ogivas, número que se manteve estável nos últimos anos. Sua força de dissuasão nuclear estratégica consiste, basicamente, em quatro submarinos de mísseis balísticos, cada um dos quais transporta 16 mísseis.
A França também está em processo de modernização de suas armas nucleares, iniciado em 2013. O custo estimado é de 180 bilhões de euros até 2019.
Reino Unido
- Número estimado de armas: 215
- Número estimado de ogivas implantadas: 120
- Ano do primeiro teste nuclear: 1952
As forças nucleares do Reino Unido estão no mar. O país possui quatro submarinos de mísseis balísticos de potência nuclear, que carregam até 16 mísseis - eles se revezam em patrulha constante. Estes submarinos são projetados e construídos no Reino Unido, mas os mísseis são comprados diretamente dos Estados Unidos, devido ao fator financeiro.
EUA, Rússia, França e Reino Unido são os únicos países que possuem ogivas estrategicamente implantadas.
China
- Número estimado de armas: 280
- Número estimado de ogivas implantadas: 0
- Ano do primeiro teste nuclear: 1964
A China manteve o estoque de armas nucleares razoavelmente estável na última década, mas agora, segundo o Sipri, o país vem aumentando a produção lentamente. Das 280 ogivas estimadas, cerca de 234 são designadas para mísseis balísticos terrestres e marítimos. O restante é atribuído a forças não operacionais, como novos sistemas em desenvolvimento e reservas.
A China continua a modernizar seu arsenal nuclear como parte de um programa de longo prazo para desenvolver forças mais resistentes e robustas, com o objetivo de "fortalecer as capacidades [da China] de dissuasão estratégica e contra-ataque nuclear", segundo o governo chinês. O país tem se concentrado em fazer melhorias qualitativas, em vez de aumentar significativamente o número de ogivas.
Recentemente a China disse que não participaria de negociações para um acordo nuclear com Rússia e Estados Unidos. Segundo a CNN, o presidente americano Donald Trump considerava um novo pacto nuclear com os outros dois países, que poderia substituir o New START.
A China é um dos signatários do TNP.
Paquistão
- Número estimado de armas: 140-150
- Número estimado de ogivas implantadas: 0
- Ano do primeiro teste nuclear: 1998
O Paquistão empreendeu seu programa nuclear depois que a vizinha e rival Índia se declarou uma potência nuclear. Seu arsenal é estimado em 140 a 150 ogivas e está em expansão, já que o país não participa do Tratado de Não Proliferação e do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares.
Acredita-se que o Paquistão esteja aumentando gradualmente suas propriedades militares de material físsil, que incluem tanto plutônio quanto urânio altamente enriquecido. De acordo com o Sipri, uma nova usina para o enriquecimento de urânio pode estar em construção em Kahuta, embora a capacidade do Paquistão de produzir este material seja limitada pela quantidade de urânio natural em seu território.
Índia
- Número estimado de armas: 130-140
- Número estimado de ogivas implantadas: 0
- Ano do primeiro teste nuclear: 1974
Estima-se que a Índia tenha um arsenal de 130 a 40 armas nucleares, com base em cálculos do inventário de plutônio para uso militar na Índia e no número de sistemas operacionais com capacidade nuclear. Segundo o Sipri, acredita-se que a Índia, assim como o Paquistão, esteja expandindo gradualmente o tamanho de seu arsenal nuclear, bem como sua infraestrutura para produzir ogivas nucleares.
Israel
- Número estimado de armas: 80
- Número estimado de ogivas implantadas: 0
- Ano do primeiro teste nuclear: não disponível
Israel iniciou seu programa nuclear entre meados e fim da década de 1950, mas o país mantém uma política de “opacidade nuclear”, ou seja, não confirma e nem nega a posse de armas nucleares. Assim como a Índia e o Paquistão, Israel não faz parte do TNP.
Das 80 ogivas estimadas, acredita-se que cerca de 30 são bombas de gravidade nuclear que podem ser lançadas por aviões de combate. As demais são lançadas por mísseis balísticos terrestres.
Coreia do Norte
- Número estimado de armas: 10-20
- Número estimado de ogivas implantadas: 0
- Ano do primeiro teste nuclear: 2006
A Coreia do Norte mantém um programa nuclear ativo, com uma produção estimada entre 10 e 20 ogivas. O país é o único que se retirou do Tratado de Não Proliferação para desenvolver seu programa nucleares e possui um arsenal cada vez mais sofisticado.
Violando normas internacionais, a Coreia do Norte realizou testes nucleares em 2006, 2009, 2013, 2016 e 2017. O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou inúmeras resoluções condenando as atividades nucleares do país e impôs sanções cada vez mais severas às forças armadas e à economia norte-coreana.
Em 2018, a Coreia do Norte suspendeu os testes nucleares em sinal de boa vontade para negociar um acordo de paz com os Estados Unidos. Os recentes lançamento de projéteis de curto alcance, em maio de 2019, não violaram as restrições da ONU impostas para testes nucleares e de mísseis balísticos.
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