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O venezuelano Hugo Chávez com Roberto Requião, em abril de 2006, no Paraná | Juan Barreto/Arquivo AFP
O venezuelano Hugo Chávez com Roberto Requião, em abril de 2006, no Paraná| Foto: Juan Barreto/Arquivo AFP

Em 20 de abril de 2006 o presidente venezuelano Hugo Chávez esteve no Paraná, a convite do então governador Roberto Requião, seu amigo pessoal. Além do caráter oficial do evento, com assinatura de acordos comerciais e parceriais técnicas e científicas, o encontro ficou marcado pelo forte caráter ideológico e pela similaridade no discurso dos dois líderes.

Chávez desembarcou no Aeroporto Afonso Pena, às 9h45. De lá seguiu para o Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense, onde tomou um café da manhã com Requião e um grupo seleto de dez outros convidados.

Na sequência, os dirigentes assinaram acordos e convênios de cerca de U$ 440 milhões, segundo divulgação do governo estadual, à época. Empresários venezuelanos e paranaenses ouviram Chávez atacar os inimigos mais tradicionais, os Estados Unidos e a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), e defender a criação da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas).

"Chamamos os empresários a revisar seus conceitos. O capitalismo [norte-americano] rechaça o conceito de solidariedade, não é viável", disse. O líder venezuelano defendeu ainda a criação de um banco para a América do Sul, uma rede petrolífera e uma força militar que zelasse pelos interesses latino-americanos.

Chávez e Requião incluíram na visita um compromisso que não estava na programação oficial. Os dois participaram de um encontro, no Teatro Guaíra, com o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, e militantes da Via Campesina e da Central de Movimentos Sociais. Com bandeiras do revolucionário Ernesto Che Guevara, os militantes cantaram o hino do MST, com participação da cantora Beth Carvalho, e saudaram o presidente venezuelano.

Já o discurso do governador gerou reações distintas na plateia. Ao defender a união latino-americana, Requião foi aplaudido. Em seguida, criticou uma emenda do deputado Tadeu Veneri (PT) proibindo a prática de nepotismo no governo estadual. No período, o irmão e a mulher do governador ocupavam cargos no primeiro escalão do governo. A emenda do petista foi derrubada pela maioria aliada de Requião no Legislativo.

As vaias irritaram o governador. "Representante desse pequeno movimento de m...tentam conter o brilho desse encontro entre a Venezuela, o Paraná e o Brasil", disse Requião.

Chávez deixou Curitiba no mesmo dia, rumo a Brasília, mas sua presença continuou a repercutir no estado. Um ano depois, o deputado estadual Ney Leprevost conseguiu aprovar um requerimento na Assembleia Legislativa declarando Chávez persona non grata no Paraná.

Ontem, por meio do Twitter, Requião lamentou a morte do amigo: "Sinto a morte do presidente dos venezuelanos, meu amigo Hugo Chávez. Que viva a Venezuela com sua força e seu exemplo. Venezuela vive".

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