Policiais enfrentaram manifestantes na quinta-feira em duas cidades do leste do Egito, e o político reformista Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz, regressou ao país para aderir a um grande protesto na sexta-feira contra o regime do presidente Hosni Mubarak.
Um manifestante beduíno foi baleado e morto pelas forças de segurança na região do Sinai (nordeste), elevando a cinco o total de mortos em três dias da atual onda de protestos, inspirada na rebelião popular que derrubou o governo tunisiano neste mês.
Em sinal de que o desafio a governos autoritários está se espalhando pela África e o Oriente Médio, policiais também entraram em confronto com manifestantes no Iêmen e no Gabão.
Em Suez, no leste do Egito, policiais usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água contra centenas de manifestantes que exigem a renúncia de Mubarak, no poder há 30 anos. Os participantes do protesto atiraram pedras e bombas incendiárias contra as barreiras policiais. Houve confrontos também em Ismailia, outra cidade do leste egípcio.
Pelo Facebook, os organizadores convocaram protestos ainda maiores para sexta-feira, dia que é parte do fim de semana egípcio.
"Vou participar", disse El Baradei ao embarcar para o Egito. Ele vive em Viena, onde até 2009 dirigiu a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), cargo no qual recebeu o Nobel.
"Eu gostaria que não tivéssemos de sair às ruas para pressionar o regime a agir", disse El Baradei, ao defender a renúncia de Mubarak. "Ele serviu ao país por 30 anos, e é hora de que se aposente", afirmou.
El Baradei eventualmente é criticado no Egito por passar muito tempo fora do país, mas analistas dizem que ele pode servir como líder para o movimento de protesto. O canal de TV Al Arabiya informou, em um breve letreiro exibido na tela, que El Baradei se disse "pronto para assumir o poder durante um período transitório se as ruas exigirem isso."
El Baradei, ganhador do Nobel da Paz por seu trabalho à frente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), lançou no ano passado, após deixar esse cargo, uma campanha por reformas no Egito. Mas muitos ativistas se queixam de que ele deveria passar mais tempo nas ruas, e menos no exterior.
"Estou voltando ao Egito para apoiar as ruas, porque realmente não há escolha. A gente vai lá com esse número enorme de pessoas, e espera que as coisas não fiquem feias, mas por enquanto o regime não parece ter entendido o recado", disse ele ao site norte-americano The Daily Beast.
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