A entrega do Nobel da Paz para Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, e para o comitê climático da Organização das Nações Unidas (ONU) aumentou as pressões para que o democrata lance sua candidatura à Presidência em 2008. Mas, segundo assessores, Gore não dá sinais de interesse pela disputa.
O ex-vice-presidente, que perdeu a batalha de recontagem dos votos na Flórida na eleição de 2000 para George W. Bush, assiste a um número cada vez maior de ativistas democratas conclamá-lo a concorrer novamente.
Uma organização chamada draftgore.com é uma das que tentam convencer Gore a participar da disputa. O grupo publicou na quarta-feira um anúncio de página inteira no jornal The New York Times descrito com uma "carta aberta a Al Gore".
"Nós acreditamos que, sob essas circunstâncias, ele não tem escolha e deve tomar o passo que falta para conseguir o principal impacto em mudar a política sobre aquecimento global", avaliou.
Entre 181 candidatos, o comitê do Nobel escolheu Gore e o Comitê Intergovernamental de Mudança Climática da ONU para compartilharem o prêmio de 2007.
Monica Friedlander, fundadora do www.draftgore.com, disse depois do anúncio do Nobel da Paz que agora "seria muito difícil para ele dizer não". "Ele tem condições de desempenhar um papel fundamental", afirmou à Reuters.
Toda essa atenção dispensada a Gore traduz os esforços dele para convencer a comunidade internacional sobre a necessidade de agir a respeito das mudanças climáticas, inclusive por meio do filme "Uma Verdade Inconveniente", que lhe rendeu um Oscar.'LÂMPADAS, MAS NADA DE POLÍTICA'Depois de perder a batalha na Suprema Corte que lhe custou a Casa Branca, Gore, segundo relatos de várias fontes, enfrentou momentos difíceis. Aquela havia sido a disputa presidencial mais acirrada da história dos EUA.
Ele foi para a Europa, onde ficou durante algum tempo e deixou crescer uma barba.
Considerado antes um homem frio quando discursa, Gore passou a ser visto como um ícone da cultura pop e aderiu com entusiasmo a um estilo de vida que inclui infindáveis discursos sobre as mudanças climáticas, presença em reuniões de diretorias de empresas e várias viagens.
No momento em que os EUA mostram-se preocupados com a corrida presidencial mais indefinida dos últimos 50 anos, ex-assessores de Gore, entre as quais Julia Payne, afirmam que ele não fala muito sobre política.
"A última vez em que conversei com o vice-presidente, falamos sobre lâmpadas de luz, não sobre política", contou Payne.
Carter Eskew, um conselheiro de longa data, afirmou conversar com Gore uma vez por semana.
"Não acredito que ele vá disputar... Ele disse que não descartou essa possibilidade tecnicamente. Mas posso afirmar-lhes que ele não tomou nenhuma medida indicando que participará do pleito."
Kalee Kreider, porta-voz de Gore, deu uma declaração de ares mais definitivos. "Ele não tem a intenção de concorrer para presidente em 2008", afirmou.
Mas palavras desse teor não surtiram efeito sobre o movimento que defende a pré-candidatura de Gore. Peter Ryder, um ativista de Cedar Rapids, tenta persuadir o agora Nobel da Paz a concorrer. O grupo dele, Algore.org, pretende fazer um show em 11 de novembro para levantar fundos para esse objetivo.
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