O justo reconhecimento para o cuidado com o planeta
O ex-vice-presidente americano Al Gore e o IPCC, grupo de cientistas ligado às Nações Unidas, ganharam o Nobel da Paz deste ano. Segundo os responsáveis pelo Nobel, eles foram premiados pelos "esforços de ampliar e disseminar conhecimento sobre as mudanças climáticas provocadas pelo homem e por estabelecer as bases para revertê-las".
Premiando o IPCC, a Fundação Nobel escolheu o órgão que fez mais para, por meio da ciência, explicar o que as mudanças climáticas poderão representar para a sociedade e para a natureza.
Mas, se o IPCC é o órgão que liderou os esforços para se entender o que está acontecendo com o clima, Al Gore foi o menestrel, divulgando a mensagem das alterações no meio ambiente para todo o mundo de uma forma que ninguém antes havia tentado.
Genebra O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, pelas iniciais em inglês), Rajendra Pachauri, pediu que Brasil, China e Índia não repitam os erros dos países ricos no desenvolvimento de suas economias nos próximos anos, mas afirmou que ainda não é o momento de estabelecer tetos de emissões de gás carbônico nos países emergentes. Junto com Al Gore, ex-vice presidente dos EUA, o IPCC recebeu o prêmio Nobel da Paz.
Numa entrevista por teleconferência, Pachauri ainda falou sobre a Amazônia, sugeriu a criação de um tratado internacional para garantir a cobertura florestal no planeta e alertou sobre os riscos que a degradação ambiental pode trazer para a paz.
"As responsabilidades devem ser diferentes para cada país. Ainda há muitas pessoas nesses países emergentes que nem têm acesso à energia. Temos de cuidar para que essas necessidades sejam supridas também", afirmou.
Brasil
Questionado sobre as políticas do governo brasileiro na Amazônia, Pachauri evitou fazer críticas diretas. "Não vou comentar o que o governo brasileiro deve fazer, mas florestas como a Amazônia são as maiores fontes naturais para a captação de carbono. No futuro, devemos ter políticas claras e mesmo um acordo internacional para garantir que a cobertura florestal aumente no mundo.
Sobre a questão do etanol, Pachauri disse que os governos precisam analisar com cuidado os efeitos da produção antes de embarcar no projeto. "Devemos analisar com cuidado os efeitos dos biocombustíveis e decidir quais são as melhores opções", disse.
O especialista reconheceu que o etanol pode ter efeitos positivos para o clima, mas alertou é preciso garantir que não haja um conflito com a produção de alimentos.
Contestação
As declarações de Pachauri sobre o Brasil foram contestadas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. "Da Índia é difícil receber recomendações, inclusive da Europa. Lembrem-se de que eles destruíram tudo", disse Jobim. "Vamos cuidar da Amazônia porque ela é uma questão nossa. Os brasileiros sabem cuidar do que é seu", declarou Jobim. O ministro reconheceu, entretanto, que a Amazônia tem impacto sobre o clima de todo o planeta.
Ao agraciar Al Gore e o IPCC com o Nobel da Paz, os responsáveis pelo prêmio incluíram as mudanças climáticas entre os grandes temas que norteiam a agenda da segurança global.
O IPCC, criado em 1988, reúne cerca de 3 mil cientistas e especialistas de várias áreas.
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