O Nobel da Paz 2011 foi concedido ontem a três mulheres vindas de nações periféricas. Em comum, as três combateram pacificamente a opressão em seus países.
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, e sua conterrânea ativista Leymah Gbowee irão dividir em três partes iguais o prêmio de US$ 1,5 milhão (R$ 2,7 milhões) com a ativista iemenita Tawakkul Karman. "Não podemos alcançar democracia e paz no mundo a não ser que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens", afirmou o norueguês Thorbjoern Jagland, presidente do prêmio.
Reação
A comunidade internacional reagiu com elogios ao anúncio das vencedoras. Nassir Abdulaziz al Nasser, presidente da Assembleia Geral da ONU, disse que as três são "heroínas que se sacrificaram, trabalharam duro e mostraram verdadeira liderança para melhorar as condições de milhões de pessoas".
Angela Merkel, chanceler alemã, disse esperar que o prêmio "encoraje muitas mulheres ao redor do mundo, e também homens, a fazer campanha por liberdade e democracia e contra injustiças".
A União Europeia (UE) classificou como "uma mostra de apoio aos direitos da mulher no mundo" o anúncio das três vencedoras. "É uma vitória para uma nova democracia na África e para um novo mundo árabe no qual se pode viver em paz e respeitando os direitos humanos", afirmou em nota o Conselho Europeu.
Por sua vez, Jacob Zuma, presidente da África do Sul, felicitou Sirleaf, destacando sua "dedicação e compromisso com a paz".
Sirleaf é apontada como uma das responsáveis pelo fim da guerra civil na Libéria, que durou de 1989 a 2003.
Outra figura-chave nesse processo é Gbowee, também premiada. Ela ficou famosa ao organizar greves gerais de sexo enquanto perdurasse o confronto armado.
Política
Apesar dos elogios recebidos ontem, Sirleaf foi também alvo de críticas. Presidente da Libéria, ela concorre à reeleição na próxima terça. Wiston Tubman, considerado principal oponente de Sirleaf, afirma que o prêmio é "inaceitável e não merecido", além de "uma provocação", por ser atribuído durante a campanha eleitoral.
A organização do Nobel reagiu dizendo que a escolha dos vencedores não leva em conta a política interna, mas a relevância do contemplado.
Em relação ao prêmio da iemenita Karman, no entanto, Jagland afirmou que se trata de um sinal aos ditadores para que protejam os direitos das mulheres na região. A prisão dela, em janeiro deste ano, intensificou os protestos no Iêmen. "A não ser que [os líderes] incluam mulheres no desenvolvimento [desses países], eles irão falhar", afirmou.
Nos 110 anos de entrega do Nobel, 15 mulheres receberam o prêmio pela Paz, incluindo as três deste ano. O número de homens é 85.