Vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980 por sua atuação contra a ditadura militar na Argentina (1976-83), o escritor Adolfo Pérez Esquivel disse ontem que o papa Francisco defende a investigação dos crimes cometidos pelo regime em seu país.
Eles se encontraram no Vaticano dois dias depois da missa inaugural do pontífice, acusado pelo jornal argentino Página/12 de ter colaborado com a repressão em seu país.
Esquivel repetiu que as afirmações são falsas e afirmou que o agora papa não foi cúmplice dos militares e tem compromisso com a bandeira dos direitos humanos.
"O papa não teve nada a ver com a ditadura. Não foi cúmplice, não colaborou com ela. Preferiu uma diplomacia silenciosa, de pedir pelos desaparecidos, pelos presos."
O escritor disse que dirigentes da Igreja colaboraram com a repressão ao denunciar religiosos de esquerda, mas excluiu o novo papa, que era chefe dos jesuítas no país.
Em nota divulgada na Alemanha, Franz Jalics, um dos missionários jesuítas sequestrados por militares na década de 1970, disse ter certeza de que Francisco não colaborou com sua prisão.
"O missionário Orlando Yorio e eu não fomos denunciados pelo padre Bergoglio, hoje papa Francisco. É falso afirmar que nossas prisões foram provocadas por ele", escreveu Jalics.
Lava-Pés
Em mais uma quebra de protocolo, o papa vai celebrar a missa da Quinta-Feira Santa numa casa de detenção de menores em Roma, em vez da Basílica de São João de Latrão.
Ele lavará os pés de 12 jovens, repetindo o gesto de Cristo com os apóstolos. É o que já fazia nesta data na Argentina, como cardeal, quando trocava a igreja por hospitais, prisões e hospícios.
Os papas João Paulo II e Bento XVI visitaram a mesma instituição em outras ocasiões.