John O’Keefe (à esq.) caminha até o trabalho, em Londres, no dia em que venceu o prêmio sueco; Edvard e May-Britt Moser: casal de cientistas noruegueses| Foto: Facundo Arrizabalaga/Efe; Michaela Rehle/Reuters; Christian Charisius/Efe

Impacto

Descobertas ajudarão a entender como operam memória e pensamento

Das agências

A Assembleia do Nobel declarou que as descobertas do trio de cientistas premiados ontem marcam uma mudança no conhecimento da ciência sobre como células especializadas trabalham juntas para realizar tarefas cognitivas complexas. Elas também abrem novos caminhos para a compreensão das funções cognitivas como memória, pensamento e planejamento.

"Graças às nossas células de grade não temos de andar por aí com um mapa para encontrar nosso caminho a cada vez que visitamos uma cidade, porque temos um mapa em nossa cabeça", disse Juleen Zierath, presidente do comitê de medicina do prêmio. "Acho que, sem essas células, teríamos realmente bastante dificuldade para sobreviver."

Todos os laureados com o Nobel conquistaram o prêmio Louisa Gross Horwitz, da Universidade de Columbia, no ano passado pelas descobertas que fizeram. Eles dividirão o prêmio em dinheiro de 8 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,1 bilhão).

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Calendário

Academia Sueca atribui prêmios para seis categorias do conhecimento:

Medicina

John O’Keefe (norte-americano), May-Britt Moser e Edvard Moser (ambos noruegueses) pela descoberta das células que fazem parte do sistema de posicionamento geográfico que funciona no cérebro humano.

• Hoje: Física.

• Amanhã: Química.

• Quinta-feira: Literatura.

• Sexta-feira: Paz.

• Segunda-feira: Economia.

• Fonte: Nobelprize.org

O Prêmio Nobel de Medicina de 2014 foi concedido ontem aos pesquisadores John O’Keefe, May-Britt Moser e Edvard Moser, pela descoberta dos conjuntos de células nervosas que formam no cérebro humano um sistema de posicionamento espacial – espécie de "GPS interno" – que permite que uma pessoa se oriente no espaço.

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Ao demonstrar como o cérebro identifica onde o indivíduo está e como ele é capaz de orientar a movimentação de um lugar para outro, as descobertas poderão ajudar a explicar por que pessoas com Alzheimer muitas vezes não conseguem reconhecer seu entorno.

Metade do prêmio concedido pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, de 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,67 milhões), ficará com o neurocientista anglo-americano O’Keefe. A outra metade vai para o casal de cientistas noruegueses May-Britt e Edvard Moser.

O’Keefe, pesquisador do University College London, começou a pesquisar nos anos 1960, quando se interessou pelo problema do controle do cérebro sobre o comportamento.

Em 1971, descobriu o primeiro componente celular do sistema de posicionamento. Ao registrar sinais de células nervosas no hipocampo de ratos, que se movimentavam livremente em uma sala, ele encontrou um tipo de neurônio que era ativado quando o animal se encontrava em determinado local. Outras células nervosas eram ativadas quando os animais estavam em lugares diferentes.

O cientista concluiu que essas "células de localização" eram capazes de construir um mapa interno do ambiente. Em experimentos posteriores, O’Keefe mostrou que essas células podiam fornecer uma base celular para processos ligados à memória, nos quais a lembrança de um ambiente pode ser armazenada em combinações específicas de "células de localização".

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Mais tarde, em 2005, May-Britt e Edvard, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Trondheim, na Noruega, descobriram o outro componente do "GPS cerebral": eles identificaram um outro tipo de células nervosas situadas no córtex entorrinal – estrutura próxima do hipocampo – batizadas de "células de rede".

Elas eram ativadas quando um rato passava em determinadas posições. Juntas, essas posições formavam uma rede hexagonal e cada "célula de rede" reagia formando um padrão espacial único.

As "células de rede" são capazes de criar um sistema de coordenadas, permitindo que os indivíduos se posicionem de forma precisa e encontrem caminhos em determinado ambiente. Elas funcionam como uma carta náutica, como se traçassem linhas de longitude e latitude, ajudando o cérebro a avaliar distâncias e mapear a movimentação.

O casal concluiu que as "células de rede" atuam como um "sistema de coordenação métrica espacial" e fazem com que o córtex entorrinal trabalhe como um centro computacional para representar o espaço.

As pesquisas do casal mostraram como as "células de localização" (descobertas por O’Keefe) e das "células de rede" tornavam possível o posicionamento e a navegação.

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Japonês é, de novo, favorito em Literatura

Folhapress

O escritor japonês Haruki Murakami e o queniano Ngugi wa Thiong’o são os favoritos para receber o prêmio Nobel de Literatura de 2014, informou ontem o jornal The Guardian. A Academia Sueca, responsável pela entrega do prêmio, anunciará o vencedor na categoria na próxima quinta-feira. A aposta em Murakami e Thi­­ong’o é da empresa inglesa Lad­­brokes, que coloca as chances dos dois como uma em quatro. "Há meses parece que Murakami seria o grande favorito no dia do anúncio, mas Thiong’o conseguiu capturar a imaginação na reta final – as chances subiram de 12 para um para quatro para um, e ele poderia facilmente se tornar o favorito em muito pouco tempo", afirmou Alex Donohue, porta-voz da Ladbrokes.

Importância

O prêmio Nobel de Litera­­tura, talvez o mais importante do mundo no gênero, é concedido a um escritor por ano desde 1901. Em 2013, a contista canadense Alice Munro foi a laureada pela Academia.

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História

O prêmio criado pelo químico e inventor sueco Alfred Nobel (1833—1896) teve a primeira edição em 1901. Nobel, o homem, se tornou conhecido por ter criado a dinamite, em princípio, com fins pacíficos – para uso em grandes obras da engenharia civil. Nobel, o prêmio, tem a cerimônia de entrega sempre em 10 de dezembro. No ano passado, o Nobel de Medicina foi para pesquisadores que descobriram como substâncias são transportadas entre as células.