O americano James Watson escreveu um dos capítulos mais extraordinários da Ciência. Em 1962, ao lado do britânico Francis Crick, o americano ganhou o prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da estrutura do DNA. Aos 79 anos, Watson está descobrindo que mesmo gênios não estão imunes à desgraça de uma declaração polêmica, que pode pôr em xeque toda uma carreira de sucessos. Depois de defender uma teoria segundo a qual "brancos são mais inteligentes que negros", o cientista teve sumariamente cancelada uma palestra que daria nesta quinta-feira no renomado Museu de Ciências de Londres.
O museu informou em nota que, apesar de aceitar discussões de temas polêmicos, decidiu pelo cancelamento porque os pontos de vista de Watson "vão além do nível do debate aceitável".
O pesquisador americano, de 79 anos, havia declarado ao jornal "Sunday Times" ser pessimista sobre a África porque as políticas ocidentais para os países africanos eram, erroneamente, baseadas na presunção de que os negros seriam tão inteligentes quanto os brancos quando, na verdade "testes" sugerem o contrário.
Watson não apresentou argumentos científicos para embasar suas idéias nem especificou que "testes" seriam esses. Afirmou apenas que os genes responsáveis pelas diferenças na inteligência humana devem ser descobertos dentro de dez a 15 anos. As suas constam em um livro que será publicado na semana que vem, e no qual Watson escreve que não há motivo algum para crer que "as capacidades intelectuais de povos separados em sua evolução tiveram que evoluir de modo idêntico".