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O presidente do Equador, Daniel Noboa, se pronunciou pela primeira vez sobre a crise diplomática com o México, em razão de uma operação policial na qual foi preso o ex-vice-presidente Jorge Glas na embaixada mexicana em Quito na última sexta-feira (5).
Glas, que foi vice na gestão de Rafael Correa (2007-2017), estava na representação diplomática porque havia pedido asilo político ao México.
Ele havia obtido liberdade condicional após cumprir quatro anos de uma condenação de oito anos por corrupção e é investigado por desvio de recursos durante a reconstrução de uma área após um terremoto em 2016.
Após ser preso, foi levado a uma unidade de segurança máxima. Nesta segunda-feira (8), a imprensa equatoriana noticiou que Glas teria tentado se matar com uma overdose de medicamentos e foi levado a um hospital militar.
“Numa situação complexa e difícil que o país atravessa, tomei decisões excepcionais para proteger a segurança, o Estado de direito e a dignidade de um povo que rejeita qualquer tipo de impunidade para criminosos, delinquentes, corruptos ou narcoterroristas”, disse Noboa em carta divulgada na tarde desta segunda-feira.
Ele citou que o Acordo de Caracas, a Convenção de Montevidéu e a Convenção de Viena proíbem concessão de asilo a condenados por crimes graves “ou [se] existe um risco iminente de fuga, como aconteceu conosco antes, e zombariam novamente do povo equatoriano”.
Noboa disse que espera “resolver qualquer divergência” com o “povo irmão do México”, cujo governo rompeu relações diplomáticas com o Equador, e criticou oposicionistas equatorianos que pediram medidas internacionais contra o país.
“Alguns políticos caducos pediram ao México que declarasse guerra contra nós e à comunidade internacional que nos sancionasse economicamente, cometendo uma traição ao país nunca vista antes”, disse o presidente.
“Vimos as reações de alguns grupos que colocaram os seus interesses e projetos políticos acima da soberania, dignidade e justiça do Equador. Outros tentaram transformar a situação numa luta ideológica, tentando colocar-me num extremo do qual nunca fiz parte”, acrescentou Noboa.
A operação na embaixada mexicana foi criticada por governos de esquerda e de direita da América Latina, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, além do próprio governo do México.