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Covid-19

Noruega investiga relação entre vacina e mortes de idosos debilitados

Frascos da vacina contra Covid-19 da Pfizer/BioNTech em centro de vacinação em Pfaffenhofen, Alemanha, 10 de janeiro (Foto: Christof STACHE / AFP)

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Autoridades de saúde da Noruega procuraram aliviar as preocupações com a segurança das vacinas contra a Covid-19 após relatos de que alguns pacientes idosos e enfermos morreram após serem vacinados. Médicos do país estão analisando os casos para determinar se reações típicas da vacinação, como febre e náusea, podem ter resultado nas mortes desses pacientes.

Um comunicado da Agência de Medicamentos da Noruega informou que 23 mortes de pessoas que haviam sido vacinadas no país estão sendo investigadas. Segundo o comunicado, todas essas pessoas eram idosas, frágeis e tinham doenças graves.

"Claramente, a Covid-19 é muito mais perigosa para a maioria dos pacientes do que a vacinação", Steinar Madsen, diretor da Agência de Medicamentos da Noruega disse à Bloomberg. Ele disse ainda que é difícil comprovar uma conexão entre a vacina e as mortes e que não está alarmado.

A diretora do Instituto Nacional de Saúde Pública da Noruega, Camilla Stoltenberg, destacou que cerca de 45 pessoas morrem a cada dia em asilos no país, e por isso não é possível afirmar que as mortes representam um excesso de mortalidade ou uma relação causal com as vacinas.

"Mas é concebível que alguns daqueles que receberam a vacina estivessem tão frágeis e que talvez tivesse sido melhor considerar não oferecê-los a vacina", acrescentou Stoltenberg em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (18). A avaliação deve ser feita nesses casos em que as pessoas estão tão doentes que podem ter sua condição de saúde agravada pelos efeitos colaterais normais que as pessoas sentem quando o sistema imunológico reage a uma vacina, como febre e náusea.

O Instituto de Saúde Pública da Noruega julgou que "para aqueles com as fragilidades mais severas, mesmo os efeitos colaterais relativamente leves da vacina podem ter consequências sérias. Para aqueles que têm uma curta expectativa de vida remanescente, o benefício da vacina pode ser pequeno ou irrelevante".

Mais de 48 mil pessoas já foram vacinadas na Noruega até esta data, a maioria das pessoas que vivem em asilos de idosos já receberam pelo menos uma dose da vacina. As fatalidades relatadas ficam bem abaixo de 1 em 1000 pacientes dessas residências. Até a sexta-feira, a Noruega tinha aplicado apenas a vacina da Pfizer/BioNTech. A vacina contra coronavírus da Moderna passou a ser usada no país na sexta-feira.

Os estudos clínicos com a vacina da Pfizer não incluíram pacientes com doenças agudas, e incluíram poucos participantes com mais de 85 anos de idade.

Steinar Madsen, diretor da Agência de Medicamentos da Noruega, disse que os casos de pessoas em estado debilitado que morreram após a vacina são raros e que milhares de pessoas debilitadas foram vacinadas sem uma reação fatal, segundo noticiou o jornal local Norway Today.

Benefícios e riscos

"Todos os medicamentos, incluindo as vacinas, devem considerar o equilíbrio de benefícios e riscos. Para vacina isso é especialmente verdade já que elas são usadas para prevenir e não tratar uma doença", pontuou Stephen Evans, professor de Farmacoepidemiologia na London School of Hygiene and Tropical Medicine, em comentário à imprensa pelo Science Media Centre.

Para o pesquisador, é vital que os mais velhos, que estão em maior risco de morrer se infectados pelo Sars-CoV-2, estejam protegidos tanto quanto possível.

"Quando vacinamos pessoas em alto risco de morrer haverá um certo número de mortes coincidentes que ocorrem logo após a vacinação. É possível calcular o 'número esperado' de mortes em diferentes períodos de tempo, e isso será feito rotineiramente pelas autoridades regulatórias que monitoram a segurança das vacinas", explica Evans. "Não sabemos ainda, mas aparentemente o número de mortes observado não está notavelmente acima dos números esperados. Até agora, não há evidência de que a relação entre a vacinação e a morte nesses pacientes vulneráveis é uma relação causal".

O primeiro relatório de segurança da vacinação na Europa com o imunizante da Pfizer deve ser publicado no fim de janeiro.

"Em geral, não há motivos para ansiedade, mas a complacência também seria um erro", disse Evans. "Isso ilustra o que tem sido dito que precisaremos de diferentes vacinas caso a experiência do uso em massa mostre que algumas são mais adequadas para certos grupos do que outras".

Até esta segunda-feira, mais de 40 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 já haviam sido aplicadas em todo o mundo, segundo levantamento do site Our World in Data.

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