Quando pescadores noruegueses avistaram uma baleia beluga (baleia-branca) na semana passada, nada indicava, imediatamente, uma ameaça à segurança nacional.
Mas quando a baleia apresentou um comportamento anormal e continuou a assediar seus barcos, os pescadores avistaram uma estranha corda enrolada no corpo do animal. "Equipamento de São Petersburgo", dizia uma inscrição nos arreios que mais tarde eles recuperaram, segundo os meios de comunicação noruegueses.
Pesquisadores dizem que o equipamento poderia ter armas ou câmeras, provocando novas especulações sobre um programa de operações especiais com mamíferos marinhos que, acredita-se, a marinha russa quis implementar por anos. Embora o Ministério da Defesa da Rússia tenha anteriormente negado a existência de tal programa, o mesmo ministério publicou um anúncio em 2016, no qual buscava três golfinhos nariz-de-garrafa machos e duas fêmeas, oferecendo uma soma total de US$ 24 mil.
Nesta parte da Europa, ninguém ficaria surpreso se esta descoberta norueguesa realmente se revelasse uma consequência de um experimento militar russo que deu errado. Desde a anexação da Crimeia em 2014, o Kremlin tem lembrado ao mundo do seu massivo aparato militar à espreita no leste da Europa: submarinos misteriosos, jatos não identificados que quase colidiram com um avião de passageiros por pelo menos uma vez e movimentos estranhos de tropas.
Mas números divulgados pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), no domingo (28), levantam a questão: a Rússia parece ser uma força maior do que realmente é? Enquanto os Estados Unidos responderam por 36% do gasto militar global no ano passado, a participação da Rússia é de apenas 3,4% – menor que as de China, Arábia Saudita, a Índia e até a França.
Defesa russa
O exército russo ainda é considerado uma das forças mais poderosas do mundo, motivo pelo qual os estrategistas europeus de defesa continuam preocupados com o fato de o país poder, teoricamente, invadir o continente em questão de dias. O Kremlin comanda mais de um milhão de soldados ativos – em comparação aos cerca de 180 mil da Alemanha – e os seus gastos militares no ano passado ainda eram 27% mais altos do que há uma década.
Mas os números indicam que anos de operações militares russas no exterior, sanções ocidentais e queda nos preços mundiais do petróleo deixaram uma marca. O Kremlin financiou um importante programa de modernização a partir de 2010, que resultou em um aumento nas despesas da Rússia, mas os gastos anuais caíram substancialmente nos últimos dois anos após a conclusão do projeto.
Os golfinhos americanos
Na década de 1950, os Estados Unidos lideraram o uso de mamíferos marinhos para fins militares, na época apoiados por um orçamento que seus inimigos invejam até hoje.
De acordo com a Marinha dos EUA, seus recrutas golfinhos e leões-marinhos são usados para localizar minas marítimas, recuperar objetos do leito oceânico e explorar os acessos subaquáticos às praias. Eles não estão, no entanto, envolvidos em operações ofensivas.