Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Eleições 2012

Nos EUA, partidos parecidos se esforçam para fazer diferença

Barack Obama, que busca a reeleição | Jewel Samad / AFP
Barack Obama, que busca a reeleição (Foto: Jewel Samad / AFP)
Mitt Romney, o favorito entre os republicanos |

1 de 1

Mitt Romney, o favorito entre os republicanos

Uma das marcas da disputa entre republicanos pelo direito de ser o candidato do partido à Presidência dos Estados Unidos nas eleições deste ano é a tentativa de provar ao eleitorado quem é o mais conservador. Mas quando chegar a hora do embate com os democratas, a partir de ju­­nho, a grande questão vai ser qual a diferença entre os dois partidos.

Os contrastes políticos entre os dois partidos que monopolizam a política norte-americana aparecem tanto em suas posições mo­­rais, quanto nas políticas econômicas. "Republicanos geralmente são mais conservadores em questões como aborto, casamento gay e métodos contraceptivos. Os re­­publicanos também tendem a ser um pouco mais conservadores com relação aos gastos do governo em programas sociais", diz Quin Monsn, cientista político da Bri­­gham Young, nos EUA

O nível da presença do Estado na vida dos cidadãos é uma diferen­­ça marcante entre os dois partidos, como explica Tácito Rolim, mestre em História Social pela Uni­­ver­­sidade Federal do Ceará (UFC). "En­­quanto os republicanos defendem visceralmente o Estado mínimo, sem intervenções significativas na vida do cidadão co­­mum, os de­­mocratas apregoam uma maior participação do Estado na sociedade e na economia.", diz Rolim, que foi pesquisador-visitante na Uni­­versidade de George­­town.

O analista político João Augus­­to de Castro Neves, da Eurasia consultoria, em Washington, explica que os republicanos são mais pró-livre-comércio. Já os democratas se definem como a favor do livre mer­­cado, mas criam medidas de protecionismo ao querer incluir cláusulas trabalhistas e ambientais nos contratos.

"Isso é inviável porque as cláusulas dos EUA são muito mais elevadas que as dos países mais po­­bres. Eles nunca dizem que são protecionistas, mas na prática é uma barreira ao livre comércio", observa Neves.

Extremismo pré-eleitoral

Durante a batalha interna nos partidos a tendência é, segundo o analista da Eurásia, os candidatos radicalizarem o discurso. "Quan­­do os candidatos estão sendo escolhidos, vão em direção aos extremos, tentam buscar apoio das ba­­ses". Neste ano, os democratas es­­tão livres desse processo porque Obama é candidato à reeleição.

Mitt Romney, o candidato re­­publicano considerado até agora o mais moderado, tem se esforçado para parecer mais conservador. Seu maior rival no quesito moralismo é o super-católico Rick San­­to­­rum, conhecido por ter uma postura bastante radical diante de temas como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Uma das críticas que Romney enfrenta em seu próprio partido é ter implantado um sistema saúde quando era governador em Massa­­chusetts semelhante ao que agora Obama fez em seu mandato. "O que o presidente Obama fez basicamente foi adaptar a proposta dos republicanos", diz Monson. "Às vezes parece que eles se opõem uns aos outros, apenas para se contrariar", completa.

Falar de um padrão de políticas ou comportamento entre democratas e republicanos é uma simplificação. Há tanto republicanos mais liberais, quanto democratas mais conservadores. A maior se­­melhança pode estar na defesa dos princípios típicos do país, como a Constituição, a liberdade e a própria economia. "Ambos defendem o sistema capitalista nos moldes norte-americanos. Na hora dos seus interesses comerciais, por exemplo, eles se tornam muito próximos", diz Rolim.

"Com a eleição nacional, co­­meça um movimento oposto e os candidatos tendem a ir para posições mais moderadas até o ponto de confundir o eleitorado propositalmente", aposta Neves para eleição de novembro.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros