Para onde ir agora? Trata-se de uma questão simples que a Nasa não tem mais como responder com facilidade. A velha frota de ônibus espaciais está a poucos meses da aposentadoria, e a Casa Branca cancelou o plano anterior de voar para a Lua.
Pela primeira vez, a agência espacial não tem um destino específico para sua próxima parada, embora haja muito lugares para onde gostaria de ir. O futuro do voo espacial, dizem autoridades, depende de novas tecnologias de propulsão e de suas capacidades.
Essa incerteza pode não cair bem no Congresso americano, que vai submeter o chefe da Nasa, Charles Bolden, a uma dura sabatina nesta semana, nas primeiras audiências após o cancelamento da missão lunar proposta pelo ex-presidente George W. Bush.
Há poucos lugares no espaço para onde seres humanos poderão ir nas próximas duas décadas. A Nasa quer visitar todos, com o destino final sendo Marte.
"O conjunto de destinações não mudou com o tempo", disse a vice-administradora da Nasa, Lori Garver. "A Lua, asteroides, Marte... Se você vai a algum lugar, é para onde você vai".
Mas, em todo itinerário, há uma primeira parada. Qual seria ela?
Pergunte de novo daqui a alguns anos, quando a tecnologia estiver desenvolvida o bastante para responder à questão, disse Garver. O presidente Barack Obama planeja transferir bilhões de dólares do programa lunar de Bush para o desenvolvimento de melhores foguetes.
"A melhor maneira de ir a algum lugar é investir para valer nas tecnologias que reduzirão custos, reduzirão o tempo, reduzirão o risco, e assim por diante", disse ela.
Algumas dessas tecnologias soam como ficção científica. As possibilidades citadas por especialistas incluem o equivalente orbital de um posto de combustível, foguetes de propulsão elétrica, foguetes nucleares, naves espaciais com módulos infláveis e a transmissão de energia para o espaço por meio de feixes de radiação.
O astronauta aposentado Franklin Chang-Diaz, que desenvolveu um projeto de propulsão elétrica chamado VASIMR que a Nasa menciona especificamente, disse que a nova ênfase é bem-vinda, especialmente porque, há seis anos, a Nasa havia matado seu programa de tecnologia avançada de foguetes.
"Nós claramente precisamos de um salto tecnológico se realmente quisermos ir para Marte", disse ele. "Não iremos a Marte com foguetes químicos".
Foguetes químicos são o que sempre foi usado para ir ao espaço, e exigem o transporte de grandes quantidades de combustível. Propulsão elétrica teria uma relação de quilômetro por litro melhor, mas não é capaz de gerar empuxo suficiente para sair da superfície da Terra.
E para alguns críticos, a tecnologia é menos importante que o destino. O senador Bill Nelson, que presidirá a audiência de quarta-feira, planeja pressionar por um compromisso com algum tipo de plano concreto.
"O presidente é a única pessoa que pode liderar o programa espacial, e ele tem de determinar a meta", disse Nelson. "Ele precisa dizer para onde estamos indo e deixar a Nasa criar a arquitetura para isso".
O ex-administrador-associado da Nasa Alan Stern disse estar aguardando para ouvir o que as autoridades da Nasa dirão ao Congresso, mas também está preocupado com a falta de um destino claro.
"Precisamos de uma destinação e de um cronograma, e essas coisas estão fazendo falta", disse Stern. ele afirmou que contar com a tecnologia para ditar o local "soa como um programa para lugar nenhum".