O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, saudou nesta terça-feira o fato de o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, ter aceitado a realização de um segundo turno da eleição presidencial, mas disse que organizar a nova votação será um "desafio enorme".
"Saúdo o presidente Karzai pela liderança que ele demonstrou e por seu engajamento em garantir o respeito pleno pela Constituição e pelos processos democráticos do Afeganistão", disse Ban a jornalistas na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ban disse que a ONU fará o possível para tornar transparente e digno de crédito o segundo turno eleitoral, que será realizado no Afeganistão em 7 de novembro, quando Karzai concorrerá com seu ex-ministro das Relações Exteriores.
"Vocês poderão entender que há um desafio enorme na realização de uma segunda eleição", disse Ban. "Vamos tentar garantir que todos os afegãos possam expressar sua vontade própria livremente, sem intimidações ou ameaças. Faremos tudo o que estiver a nosso alcance... para que esta eleição seja justa e livre de fraudes".
Ban reconheceu que houve fraudes em grande escala na eleição de 20 de agosto. Ele também rejeitou as críticas de que a ONU teria tentado descartar a extensão das fraudes na contestada eleição.
"Não devemos repetir o que fizeram na vez passada", disse ele, referindo-se aos problemas em grande escala ocorridos na eleição.
O enviado especial de Ban ao Afeganistão, o diplomata norueguês Kai Eide, apareceu ao lado de Karzai numa coletiva de imprensa em Cabul, onde o líder afegão anunciou sua decisão de aceitar a decisão da Comissão Eleitoral Independente, nomeada pelo governo.
Ban rejeita críticas à atuação da ONU
O parecer da Comissão Eleitoral Independente foi dado depois de uma agência da ONU que monitora fraudes eleitorais ter invalidado dezenas de milhares de votos dados a Karzai. Os resultados dessa investigação, divulgados na segunda-feira, colocaram os votos dados a Karzai abaixo dos 50 por cento que seriam necessários para evitar um segundo turno.
Mas a decisão cria um pesadelo logístico, devido à aproximação do inclemente inverno afegão.
Foi perguntado a Ban se ele acha que a ONU perdeu credibilidade porque demitiu o ex-vice de Eide, o americano Peter Galbraith, porque ele acusou Eide de ignorar a extensão das fraudes no pleito de agosto.
Sem responder diretamente à pergunta, Ban disse que as propostas feitas por Galbraith não teriam melhorado os resultados da eleição realizada no verão.
"A ideia sugerida por Peter Galbraith era reduzir o número de estações de voto para prevenir possíveis fraudes", disse ele. "Isso não era aceitável".
"Nosso princípio foi abrir o máximo possível de locais de votação para que o maior número possível de pessoas pudesse participar da eleição", disse Ban. "A questão de fraudes não estava em pauta. Sabíamos que haviam ocorrido fraudes. Relatamos a ocorrência de fraudes".
Eide negou repetidas vezes as alegações de Galbraith de que teria minimizado os problemas da eleição, dizendo que as acusações são injustas e inverídicas.