A China cresceu invejáveis 9,1% em 2009, quando o mundo desenvolvido agonizava na mais grave crise das últimas sete décadas. Ainda assim, milhares de chineses preferem deixar seu país e se mudar para os EUA, Canadá, Austrália, Europa e regiões vizinhas da Ásia. Engrossam a que é considerada a mais recente onda migratória da história da China.
Os que lideram o movimento atual não são pessoas desesperadas fugindo da miséria ou do caos político. Integram a nova elite do país, que se muda em busca de melhor educação para os filhos, segurança econômica, ar puro e mais liberdade.
"Aqui eu nunca sei se as coisas são verdadeiras ou falsas", diz Liu Leng, engenheira de software que se inscreveu no programa canadense de imigração de profissionais especializados. Liu não se refere apenas aos clássicos relógios, DVDs e bolsas piratas. Fala de coisas essenciais, como remédios e alimentos. "Quando há problemas, não temos para quem reclamar, a Justiça é inoperante."
O país, que assumirá o posto de segunda maior economia do mundo este ano, à frente do Japão, ainda é uma das maiores fontes de imigrantes do planeta. O movimento se acelerou nos últimos anos, com aumento do número de estudantes que vão para universidades de prestígio e não retornam à China, empresários que preferem a clareza das regras de países estrangeiros do que a incerteza criada pelo regime de partido único e pessoas que pretendem iniciar pequenos negócios com a poupança acumulada em solo chinês.
No período entre 1980 e 1989 - a primeira década depois das reformas econômicas de 1978 -, os EUA deram vistos permanentes de residência a 315 mil chineses. O número subiu para 410 mil na década seguinte e atingiu 637 mil entre 2000 e 2009. Neste mesmo período, 349 mil chineses obtiveram a cidadania americana, o que implica abrir mão da chinesa, já que Pequim proíbe a dupla nacionalidade.