Um astrônomo alemão do Observatório Gemini conseguiu identificar um novo tipo de galáxias, apelidadas de "feijão verde" por sua incomum aparência, informou nesta quarta-feira o Observatório Austral Europeu (ISSO) desde sua sede na cidade de Garching, no sul da Alemanha.
Muitas galáxias têm um buraco negro gigante em seu centro que faz com que o gás de seu entorno brilhe, mas no caso das "feijão verde" não é apenas o centro que brilha, mas toda a galáxia.
Trata-se das maiores regiões radiantes e resplandecentes encontradas até agora e acredita-se que se alimentem por buracos negros no centro da galáxia, muito menos ativos do que o esperado para uma deste tamanho e brilho, segundo o estudo publicado nesta quarta pela revista "The Astrophysical Journal".
A equipe em torno do astrônomo Mischa Schirmer acredita que as regiões incandescentes devem ser um eco de uma fase passada muito mais ativa do buraco negro e que irão obscurecendo paulatinamente à medida que os remanescentes da radiação atravessem a região e saiam ao espaço.
O cientista alemão se surpreendeu quando em uma imagem do Telescópio Canadá França Havaí (CFHT), no Observatório de Mauna Kea, no Havaí (EUA), encontrou um objeto que parecia uma galáxia, mas era de uma cor verde brilhante.
Para descobrir a origem deste incomum brilho, o Observatório solicitou imediatamente usar o telescópio de longo alcance (VLT, por sua sigla em inglês) do Observatório de Cerro Paranal, no Chile.
"Poucos dias após enviar minha proposta, o VLT observava este estranho objeto. Dez minutos após obter os dados no Chile, já tinha eles em meu computador, na Alemanha. Rapidamente orientei totalmente minhas atividades de pesquisa, já que era evidente que tinha encontrado algo realmente novo", explicou Schirmer.
O novo objeto, denominado J224024.1-092748 ou J2240, se encontra na constelação de Aquário e sua luz demorou 3.700 milhões de anos para alcançar a Terra.
Após o descobrimento, a equipe de Schirmer estudou uma lista de milhões de galáxias e encontrou outras 16 com propriedades similares, identificadas depois por observações feitas com o telescópio Gemini Sul como galáxias "feijão verde".
Estas galáxias são tão raras que apenas metade delas estão em um imaginário canto de 1300 milhões de anos luz.
O apelido de "galáxias feijão verde" é dado por sua cor e porque observadas superficialmente, se parecem com as denominadas "galáxias ervilha verde", embora são significativamente de maior tamanho.
A região brilhante da J2240 e das outras "feijão verde" descobertas pela equipe de cientistas é imensa e quase abrange o objeto completo, ao contrário do outro tipo de galáxias, onde estas regiões alcançam no máximo 10% de seu diâmetro.
O estranho brilho verde que chamou a atenção de Schirmer inicialmente se produz quando o oxigênio se ioniza.
"Estas brilhantes regiões são fantásticos bancos de provas para tentar compreender a física das galáxias. É como se pudéssemos colocar um termômetro em uma galáxia muito, muito distante", afirmou o cientista.
Segundo Schirmer, "normalmente estas regiões não são nem muito grandes nem muito brilhantes e só podem ser vistas em galáxias bem próximas".
"No entanto, neste novo tipo de galáxias descoberto, apesar de estar tão longe de nós, são tão grandes e brilhantes, que podem ser observadas com muitos detalhes", precisou.
A aparência das "galáxias feijão verde" é fruto de um centro galático ativo que se está extinguindo e indica uma fase muito fugaz na vida de uma galáxia.
Ecos de luz como os vistos na J2240 permitem aos astrônomos estudarem o processo de extinção dos centros galáticos ativos para compreender mais sobre quando e por que se detém sua atividade e a razão pela qual as galáxias mais jovens mostram tão pouca atividade. EFE
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