Apoiadores do líder da oposição, Juan Guaidó, protestam em San Antonio de los Altos, no estado de Miranda, Venezuela, 30 de março. Federico Parra / AFP| Foto:

Milhares de apoiadores do presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, foram às ruas do país mais uma vez para protestar contra os apagões crônicos e a crise generalizada, neste sábado (30).

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Há relatos de repressão pelas forças de segurança do regime do ditador Nicolás Maduro. Agentes uniformizados da Polícia Nacional Bolivariana dispersaram com gás lacrimogêneo parte das manifestações opositoras em Caracas e impediram concentrações em alguns pontos no oeste da capital venezuelana.

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Na cidade de Los Teques, capital do estado de Miranda, Guaidó informou que os protestos foram organizados em 100 pontos em toda a Venezuela neste sábado. “Hoje nos organizamos em Comitês de Ajuda e Liberdade para executar as ações da Operação Liberdade”, afirmou.

"Todos sabemos quem é o responsável pelos blecautes: Maduro", disse o líder opositor Juan Guaidó em um ato em Los Teques, capital do estado de Miranda. "Temos de acelerar o processo para remover este regime corrupto e usurpador."

Marcha chavista

Apoiadores do ditador Nicolás Maduro também marcharam nas ruas da capital neste sábado para protestar contra o "imperialismo do governo americano", que Maduro acusa de ser o causador dos apagões por meio de ataques aos sistemas de geração e transmissão de energia.

"É fácil perceber que Guaidó não entende a situação do país", diz o motorista de ônibus Antonio Ponce, 56.

"Ele foi colocado lá pela ultra direita, nem sabe pelo o que está brigando."

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Maduro pediu aos coletivos - grupos paramilitares fiéis à ditadura venezuelana - "tolerância zero com as guarimbas", como chama os protestos da oposição.


Apoiadores do ditador Nicolás Maduro chegam para a "Marcha Anti-imperialista" em Caracas, 30 de março. Foto: Cristian Hernandez / AFP

Apagões constantes

Na sexta-feira, Caracas e outras grandes cidades da Venezuela sofreram um novo apagão, no momento em que o país se recuperava de mais um corte de energia que o paralisou durante quatro dias.

A queda ocorreu às 19h10 local (20h10 de Brasília), deixando às escuras a capital e cidades como Maracaibo, Valencia, Maracay e San Cristóbal, informaram usuários nas redes sociais.

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Esse foi o terceiro blecaute a atingir o país em março. A estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec) não informou as causas ou o alcance do novo apagão.

Desde 7 de março, repetidos cortes de energia têm afetado a Venezuela, prejudicando o fornecimento de água, o transporte público, os serviços de telefonia e internet, e paralisando as transações eletrônicas, fundamentais em um país onde a inflação é galopante.

Na sexta-feira, o Hospital Infantil J. M. de los Ríos suspendeu as sessões de quimioterapia por falta de ar condicionado.

O regime de Nicolás Maduro afirma que os apagões são provocados por "ataques" contra a hidroelétrica de Guri, que gera 80% da energia consumida no país, patrocinados por Estados Unidos e a oposição.

No apagão do dia 27 de março, Maduro anunciou a suspensão das aulas. Diversas empresas também ficaram fechadas. Moradores de Valencia começaram a cortar lenha para cozinhar antes que a comida estragasse.

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Os apagões são habituais na Venezuela há uma década e especialistas apontam como causa a falta de investimentos em infraestrutura e a corrupção.

Ajuda humanitária

Em meio à crise, a Cruz Vermelha anunciou que distribuirá ajuda humanitária na Venezuela daqui a 15 dias, uma questão central na disputa pelo poder entre Maduro e Guaidó.

A decisão marca uma guinada na política de Maduro, que, apesar de autorizar a cooperação internacional sem "interferência" para entrega de mantimentos, nega que o país sofra uma "crise humanitária", como denuncia Guaidó.

A Venezuela enfrenta uma forte escassez de medicamentos, já que o governo, seu principal importador, não tem liquidez devido ao colapso da produção de petróleo, responsável por 96% das receitas do Estado, e à expulsão do país dos mercados financeiros após as sanções americanas.

Segundo a ONU, quase um quarto dos 30 milhões de venezuelanos precisa de assistência "urgente". Em 23 de fevereiro, os carregamentos de alimentos e suprimentos médicos administrados por Guaidó e enviados por Washington foram bloqueados pelo governo socialista nas fronteiras da Venezuela com Colômbia e Brasil em meio a tumultos que deixaram sete mortos e dezenas de feridos.

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Maduro argumentou que esses carregamentos eram o preâmbulo de uma intervenção militar. Guaidó reivindicou a entrega da Cruz Vermelha como uma conquista, afirmando que "é o resultado da pressão" feita por ele desde que se declarou presidente interino, em 23 de janeiro.

O governo de Maduro ainda anunciou que um avião chinês com 65 toneladas de medicamentos e suprimentos médicos chegou à Venezuela na sexta (29). A China é um dos maiores aliados de Maduro, junto com a Rússia, que há uma semana enviou uma missão militar a Caracas.