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Manifestantes participam de protesto a favor do candidato derrotado a presidência do Irã Mousavi in Viena, na Áustria | reuters
Manifestantes participam de protesto a favor do candidato derrotado a presidência do Irã Mousavi in Viena, na Áustria| Foto: reuters

Milhares de partidários do candidato derrotado à presidência do Irã Mirhossein Mousavi marcharam em Teerã nesta terça-feira, em mais uma demonstração de insatisfação com o resultado da eleição que reelegeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Os protestos de rua são os maiores no país desde a Revolução Islâmica de 1979.

No quarto dia de protestos após a eleição de sexta-feira, testemunhas relataram que os manifestantes se dirigiram -- em silêncio, sem as cantorias habituais -- para o prédio da televisão estatal, apesar do pedido de Mousavi para que cancelassem uma manifestação que estava planejada.

No que aparenta ser a primeira concessão das autoridades ao movimento de protesto, o Conselho dos Guardiões, mais alta instância legislativa do país formado por 12 homens, afirmou estar pronto para uma nova apuração de votos da eleição em que o presidente linha-dura Ahmadinejad foi reeleito com grande vantagem.

Mas o poderoso Conselho rejeitou pedidos de reformistas pela anulação da eleição que originou crescente turbulência política e atraiu a atenção para o país, que é o quinto maior exportador de petróleo do mundo e está envolvido numa disputa nuclear com o Ocidente.

A televisão estatal iraniana afirmou que os "principais agentes" no tumulto pós-eleição haviam sido presos por posse de explosivos e armas. A emissora, em uma transmissão de urgência, não deu mais detalhes.

O presidente dos EUA, Barack Obama, que tenta se aproximar do Irã pedindo à sua liderança que "seja menos rígida", afirmou estar profundamente preocupado com a violência que se seguiu à eleição e disse que os manifestantes que saíram às ruas haviam inspirado o mundo.

Sete pessoas morreram na segunda-feira numa grande marcha da oposição pelas ruas do centro de Teerã.

Imprensa estrangeira Banida

As autoridades proibiram outra marcha da oposição nesta terça-feira e a televisão estatal mostrou imagens ao vivo de milhares de manifestantes pró-Ahmadinejad, alguns deles com bandeiras do Irã, reunidos da praça Vali-ye Asr.

No comício, o ex-líder parlamentar Gholamali Haddadadel arrancou aplausos da multidão ao dizer que Teerã, onde o moderado Mousavi obteve a maioria dos votos, não representava todo o Irã. Ele acrescentou ainda: "Gostaria de dizer ao sr. Mousavi: antes de acontecer a eleição não foi certo as pessoas próximas ao senhor dizerem que, se o sr. Ahmadinejad fosse vitorioso, teria havido fraude eleitoral."

A marcha pró-Mousavi aconteceu apesar de o candidato ter feito um chamado a seus partidários para que não comparecessem ao protesto "para proteção de suas vidas" e evitar o confronto com as forças de segurança e com os partidários de Ahmadinejad.

Novos protestos, especialmente se forem mantidos na mesma escala, seriam um desafio direto às autoridades que mantêm um firme controle sobre dissidentes deste a derrubada, em 1979, do xá apoiado pelos Estados Unidos, após meses de manifestações.

Numa demonstração de como a opinião mundial é delicada para o Irã, as autoridades proibiram na terça-feira os jornalistas estrangeiros de saírem de seus escritórios para cobrir os protestos nas ruas.

França, Alemanha e Grã-Bretanha lideraram uma campanha na UE a fim de convencer o Irã a esclarecer o resultado das eleições, mas na terça-feira o Irã convocou um diplomata tcheco, representante da UE, para protestar contra declarações "intervencionistas e ofensivas" da União Européia.

Mousavi havia pedido ao Conselho dos Guardiões que anulasse a votação, mas disse não estar otimista com o veredicto.

Um porta-voz do Conselho dos Guardiões afirmou que o conselho estava "pronto para recontar os votos de urnas contestadas por alguns candidatos, na presença de seus representantes."

"É possível que haja algumas mudanças no total após a recontagem", disse Abbasali Kadkhodai, segundo a agência de notícias oficial Irna.

Ahmadinejad na Rússia

Na concentração dos manifestantes pró-Mousavi, no norte de Teerã, seus partidários reuniam-se em pequenos grupos, vestidos de verde, a cor da campanha eleitoral, em meio a tráfego pesado, afirmaram moradores.

"Nós apenas queremos o cancelamento do resultado da eleição", disse Ali Akbar Mohtashamipour, um dos partidários.

Desde o início dos protestos, houve detenções ao redor do país. A Isna informou na terça-feira que 100 pessoas foram presas em um levante perto de uma universidade na cidade de Shiraz, no sul do país.

Apesar dos protestos e da revolta, Ahmadinejad foi à Rússia para as conversações da Organização de Cooperação de Xangai, em sua primeira viagem ao exterior desde que os resultados oficiais lhe garantiram um segundo mandato. A organização, que inclui a Rússia e a China, cumprimentou-o por sua vitória.

Uma emissora de TV iraniana em inglês informou que sete pessoas morreram e várias ficaram feridas no fim da manifestação de segunda-feira -- evento basicamente pacífico que reuniu dezenas de milhares de pessoas -, quando "criminosos" tentaram atacar um posto militar no centro de Teerã.

A TV não deu detalhes de como ocorreram as sete mortes.

Um fotógrafo iraniano que estava no local disse que milicianos islâmicos abriram fogo quando pessoas que estavam na manifestação atacaram um posto da milícia religiosa Basij. Ele disse que uma pessoa foi morta e muitas ficaram feridas no tiroteio.

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