O presidente da Argentina, Alberto Fernández, deu posse nesta segunda-feira (4) à nova ministra da Economia do país, Silvina Batakis, substituta de Martín Guzmán, que renunciou ao cargo no fim de semana.
Segundo a imprensa argentina, o nome da nova ministra foi uma “imposição” da vice-presidente Cristina Kirchner, que vinha criticando a política econômica de Guzmán, especialmente as propostas de redução de gastos públicos e subsídios.
No meio político argentino, a nomeação de Batakis foi tratada nesta segunda-feira como uma vitória do grupo político da vice-presidente. Patricia Bullrich, líder do partido de centro-direita Proposta Republicana (PRO), apontou que Fernández optou por “mais kirchnerismo”.
“A nossa [proposta] para os argentinos deve ser definida com o Juntos pela Mudança [partido do antecessor de Fernández, Mauricio Macri]. Mais mudanças para combater a falta de governo e a decadência. Vamos apoiar fortemente nossa alternativa”, escreveu no Twitter.
O deputado esquerdista Julio Cobos também apontou que Kirchner sai mais forte da crise que culminou na saída de Guzmán.
“Essas divergências no governo, saber que a vice-presidente exerce o poder de forma inusitada ao impor uma ministra da Economia... isso afeta. A crise já estava instalada, essa situação a aprofundou. Temos que ver se esta nova nomeação é a saída. Mas essa queda de braço foi vencida pela vice-presidente”, declarou.
A falta de dólares e a inflação serão os maiores desafios de Batakis, que foi ministra da Economia da província de Buenos Aires entre 2011 e 2015. A inflação de 29,3% acumulada de janeiro a maio representou o maior patamar para os cinco primeiros meses do ano desde 1991 na Argentina. As previsões privadas mais recentes coletadas mensalmente pelo Banco Central indicam que a inflação será de 72,6% neste ano e de 60% em 2023.
Quanto ao dólar, o preço da moeda americana no mercado informal tem batido recordes, e o país enfrenta o desafio de aumentar as suas reservas líquidas em US$ 5,8 bilhões neste ano, compromisso assumido no acordo selado em março com o Fundo Monetário Internacional (FMI).