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A nova ministra da Mulher, Gênero e Diversidade da Argentina, Ayelén Mazzina, afirmou nesta quarta-feira (19) que é a favor do aborto, depois que uma entrevista dela em 2018 onde se dizia pró-vida viralizou desde sua nomeação para o governo de Alberto Fernández, na semana passada.
Em uma coletiva de imprensa na Casa Rosada, Mazzina disse ser “a favor da interrupção voluntária da gravidez” e que sua posição mudou desde a entrevista de quatro anos atrás a um canal de televisão da província de San Luis, onde era vereadora.
“É um vídeo de 2018. Sempre contei a história de onde venho. Estudei em uma escola católica, meus avós, que hoje têm 90 anos, me criaram, estava numa situação muito difícil”, justificou.
“Claramente, o feminismo muda vidas e é para isso que ele existe. Depois de dar essas declarações, comecei a me juntar a toda a luta feminista, na qual mudei minha forma de pensar. Seria uma total incoerência se eu fosse contra [o aborto] e assumisse esse ministério”, alegou a nova ministra, que disse que seus avós também mudaram de opinião sobre o assunto e “até hoje acompanham sempre todas as lutas feministas” e “diferentes questões relacionadas à diversidade”.
Na entrevista de 2018, Mazzina havia se declarado pró-vida. “É uma questão complicada, difícil, que vem sendo discutida há muito tempo. Dou minha visão particular, é uma opinião exclusivamente minha: sou a favor da vida, tanto do bebê em desenvolvimento quanto da mulher”, afirmou à época. “Isso significa que sou totalmente contra a descriminalização do aborto.”
A mudança de posição de Mazzina gerou críticas nas redes sociais. “Ayelén Mazzina disse que seria incoerente ser ministra da Mulher e ser contra o aborto. Não entendo. Por quê? Todas as mulheres são verdes [cor que simboliza o movimento pró-aborto na Argentina]? Ela representa apenas uma parte ou todas as mulheres?”, escreveu no Twitter o jornalista Javier Lanari, do canal de notícias LN+.
O consultor financeiro e empresário Patrick Kelly ironizou a motivação da ministra. “Bela tacada de Ayelén Mazzina! Agora ela diz que o feminismo a fez mudar de posição! Muito conveniente! Logo depois de ser nomeada ministra!”, alfinetou.
No final de 2020, quando Alberto Fernández já era presidente, o Congresso argentino aprovou a legalização do aborto até a 14ª semana da gestação.