Manifestantes jogam garrafas de água nos policiais, em 23 de setembro de 2020 em Louisville, Kentucky| Foto: Brandon Bell/Getty Images/AFP
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Dois policiais foram baleados na noite de quarta-feira (23) durante um tumulto na cidade de Louisville, no estado americano de Kentucky. A mais nova onda de protestos violentos nos EUA – grandes cidades, como Washington DC, Nova York, Atlanta e Chicago também registraram manifestações – foi motivada pela decisão da justiça sobre a operação policial que resultou na morte de Breonna Taylor, um dos símbolos do Black Lives Matter e do movimento contra o racismo no país.

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Robert Schroeder, chefe de polícia de Louisville, confirmou que os dois policiais foram baleados e levados a um hospital local. Um deles teve que passar por uma cirurgia, mas nenhum corre risco de vida. Um suspeito foi preso.

Um estado de emergência foi declarado em Louisville por três dias e a Guarda Nacional foi acionada. Um toque de recolher foi imposto das 21h às 6h30, mas centenas de pessoas continuaram nas ruas. De acordo com a polícia, explosivos foram jogados contra policiais, propriedades foram danificadas e várias latas de lixo foram incendiadas. Treze pessoas foram presas nos tumultos de Louisville.

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O que motivou os tumultos

Os protestos na noite de quarta-feira foram motivados pela decisão da justiça sobre o caso de Breonna Taylor, a enfermeira negra de 26 anos que, em março, foi baleada seis vezes pela polícia em sua casa, em Lousiville. Um grande júri decidiu nesta quarta que nenhum dos três policiais envolvidos na operação foi culpado pela morte dela. Apenas um, Brett Hankison, foi declarado culpado por ter colocado vizinhos em perigo e agir com indiferença ao disparar em casas vizinhas à de Taylor. Foram três acusações com esse teor e para cada uma delas, Hankison, que foi demitido da polícia em junho, pode pegar de um a cinco anos de prisão. Os outros dois foram colocados em funções administrativas.

A investigação mostrou que, dos seis tiros que atingiram a enfermeira, um deles, disparado por Myles Cosgrove, foi o que a matou. De acordo com a procuradoria-geral de Kentucky, o FBI ainda está investigando possíveis violações da lei federal neste caso.

Na semana passada, a prefeitura de Louisville concordou em pagar uma indenização de US$ 12 milhões à família de Breonna e se comprometeu a investir em reformas policiais para evitar que novas operações terminem em morte.

Os parentes da jovem pediam que os três policiais fossem acusados por assassinato. Contudo, o júri decidiu que os tiros que eles dispararam dentro da casa de Breonna foram "justificados para se protegerem" e que isso os "impede de perseguir acusações criminais".

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Um dos advogados da família de Breonna disse que a decisão era "ultrajante e ofensiva". Políticos democratas também condenaram a decisão judicial. O candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, disse que a decisão "não responde" ao pedido por justiça, embora tenha pedido que os manifestantes ajam pacificamente.

A operação policial que matou Breonna

Os policiais executavam um mandado de busca e apreensão quando entraram no apartamento de Breonna, que estava com o namorado, Kenneth Walker, no quarto. Os oficiais suspeitavam que o ex-namorado dela Jamarcus Glover, traficante condenado, estava usando o endereço para receber pacotes de drogas. Taylor não tinha ficha criminal.

De acordo com o New York Times, depois que os policiais entraram na casa, Walker disparou um tiro com sua arma, licenciada – depois ele disse aos investigadores que atirou porque pensou que Glover tinha invadido o apartamento. O tiro atingiu a perna de um dos policiais. Os três oficiais então dispararam 32 vezes contra o casal, segundo relatório de balística do FBI. Nenhuma droga foi encontrada no apartamento.