Um problema socio-político bem comum no Brasil preocupa a população de Nova Orleans ás vésperas das eleições que vão escolher o novo presidente dos Estados Unidos. Na cidade mais conhecida da Louisiana, assim como em grandes municípios brasileiros, uma justiça ineficaz e a corrupção fazem com que jovens mais pobres se envolvam com o tráfico de drogas e aumentem os índices de violência.

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Nova Orleans é a cidade mais perigosa dos Estados Unidos. A taxa de homicídios na cidade chegou a 96 para cada 100 mil habitantes em 2006, uma ano depois do furacão Katrina, e não baixou de forma significativa no ano seguinte. Este índice é quase quatro vezes maior de que o registrado em São Paulo, por exemplo, onde o índice do mesmo ano foi de 23,7 homicídios para cada 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla). A violência na cidade norte-americana é pior que a do Recife, capital com maior índice de homicídios no Brasil, de 90,5 por 100 mil em 2006.

A criminalidade da cidade torna o clima tenso em regiões menos policiadas, fora do centro histórico do quarteirão francês. Em uma caminhada pela cidade, o G1 pôde perceber o que guias de turismo da cidade já diziam. Fora da zona turística, o risco faz com que as pessoas caminhem mais apressadas e desconfiadas por ruas mais vazias.

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"Acho melhor nem andar por esse lado da cidade depois que escurece", disse, sem querer se identificar, uma moradora da cidade que passava pela região do Tremé, bairro próximo ao centro de Nova Orleans.

Impunidade

Um problema muito sério de todo o Estado da Louisiana, segundo o professor de justiça criminal da Universidade de Tulane, é a corrupção. "A maior parte dos estados que conseguiram diminuir os indices de criminalidade o fizeram aumentando a vigilância e diminuindo a corrupção. Como o sistema criminal de Nova Orleans é disfuncional, a cidade não consegue diminuir a violência", disse, em entrevista ao G1.

"A corrupção e a ineficácia da justiça só incentivam a criminalidade. Em 2006, tivemos quase 162 assassinatos e apenas 10 condenações por homicídio. Isso significa que a probabilidade de um assassino ir preso é de 1 em 16", explicou.

Além da impunidade, segundo ele, o maior problema é relacionado ao tráfico de drogas. Scharf explicou que populações mais pobres do subúrbio de Nova Orleans recebem educação de baixa qualidade e sofrem preconceito que torna mais difícil que eles consigam bons empregos, e isso os faz se envolver com o tráfico.

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Segundo John Williams, diretor da escola de hotelaria, restaurante e turismo da Universidade de Nova Orleans, o risco de fato não chega à região turística. "O centro histórico é muito bem policiado e vigiado. Não há nenhum risco de violência para os visitantes. O crime na cidade existe, mas está mais nos subúrbios."

Efeito Katrina

Estatísticas apontam uma forte baixa na violência em Nova Orleans no segundo semestre de 2005, quando o furacão Katrina deixou 80% da cidade debaixo d’água por quase seis semanas. Segundo Scharf, o que aconteceu foi uma mudança populacional.

"O Katrina mudou temporariamenta a situação. Muitois traficantes deixaram a cidade junto com o resto da população, por isso a violência pareceu diminuir. A maioria deles foi para Houston, no Texas, o que aumentou a violência nessa outra cidade. À medida que a população foio voltando para Nova Orleans, os traficantes também voltaram, e os índices de criminalidade também", explicou.

O furacão também torna as estatísticas da cidade mais difíceis de serem calculadas, já que não foi feito um censo oficial que determinasse a população que vivia na cidade após o Katrina. Os dados foram calculados por universidade locais com estimativas da população total vivendo à época na cidade.

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