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Violência

Nova primavera negra em Cuba: ditadura aumenta repressão a artistas

Manifestantes seguram fotos de presos políticos de Cuba em protesto em frente à sede da ONU em Nova York, 23 de junho (Foto: EFE/EPA/JUSTIN LANE)

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Cuba vive um "clima de violência e repressão similar ao da chamada Primavera Negra", denunciaram mais de 200 artistas e intelectuais cubanos e de outros países no mês passado. Eles comparam a recente onda de repressão por parte do regime de Miguel Díaz-Canel contra artistas e opositores ao período da primavera de 2003, quando Fidel Castro promoveu uma série de prisões de dissidentes, incluindo médicos e jornalistas.

Na mira do regime estão jovens, artistas, ativistas e jornalistas independentes, que são impedidos de se reunir e de se manifestar livremente, e também enfrentam vigilância e assédio policial.

Entre os recentes casos de perseguição a artistas cubanos está a prisão do rapper Ramón Eusebio López Díaz, conhecido como "El Invasor". O músico fazia uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook, na sexta-feira (18), quando agentes da Polícia Nacional Revolucionária de Cuba (PNR) entraram em sua casa em Bayamo e o levaram preso.

López Díaz começou a transmissão quando a polícia estava na porta de sua casa. "Isso acontece com todos aqueles que lutam contra o governo", denunciou. O artista disse aos policiais que não tinha cometido crime algum e se negou a abrir a porta. Logo antes de sua detenção, o músico pediu aos seus seguidores que continuassem com os protestos e defendeu a liberdade de expressão. Nesse momento, os policiais invadiram a sua residência, o algemaram e a transmissão foi encerrada.

López Díaz anunciou na segunda-feira pelo Facebook que estava de volta a sua casa. Não houve informações oficiais sobre os motivos da prisão do artista.

Na quarta-feira (23), vários artistas amanheceram com vigilância policial em frente às suas casas em Havana, relatou o ADN Cuba. Na mesma data, a ONU votava a resolução apresentada por Cuba que pede o fim do embargo americano à ilha (leia mais abaixo).

A tática de cercos policiais ao domicílio de dissidentes tem sido empregada pelo regime cubano contra artistas. Luis Manuel Otero Alcântara, artista e ativista da oposição, sofreu assédio policial em sua casa por um mês. Após dar início a uma greve de fome, ele ficou confinado em um hospital por um mês, onde relatou ter sofrido tortura. A Anistia Internacional o classifica como prisioneiro de consciência.

Na segunda-feira, o regime deteve Otero Alcântara mais uma vez, quando ele se dirigia para uma reunião virtual para denunciar a prisão de vários ativistas que se manifestaram em sua solidariedade na rua onde vive em Havana. Após passar horas "desaparecido", o artista disse em vídeo que a polícia o "sequestrou" e ele passou por horas de detenção e interrogatório.

A ONG Prisoners Defenders afirma que o número de prisioneiros políticos em Cuba é o maior em 18 anos. Um relatório da organização divulgado em 1 de junho atesta que há 150 presos e condenados políticos no país. Para a ONG, Cuba chegou a "uma nova Primavera Negra em 2021".

Segundo o manifesto de 27 de maio, com a popularidade da canção Patria y Vida, uma música gravada por vários artistas cubanos em fevereiro que questiona o governo comunista e denuncia a crise política e econômica da ilha, cresceu também a perseguição a Otero Alcántara e a Maykel (Osorbo) Castillo Pérez, coautor da música que foi preso.

"Cercos policiais, detenções arbitrárias, mulheres abusadas e golpeadas por policiais e funcionários públicos, câmeras de vigilância instaladas por empresas do governo em frente às residências de ativistas, além do cancelamento de linhas telefônicas e sinal de internet, impedindo a comunicação e denúncia das atrocidades da ditadura", lista o manifesto.

Manifestação

Dezenas de cubanos se reuniram, na quarta-feira, em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York para pedir liberdade aos presos políticos, enquanto a Assembleia Geral votava a resolução anual contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba.

A resolução, que não é vinculante, foi aprovada com o apoio de 184 países e teve o voto contrário de EUA e Israel, além de três abstenções, de Colômbia, Ucrânia e Emirados Árabes.

Após um ano de pausa por causa da pandemia, Cuba voltou a levar à ONU sua denúncia ao embargo, que desde 1992 vem sendo aprovada com grande apoio da comunidade internacional. Em 2019, na última vez que o pedido foi votado, o texto teve o apoio de 187 dos 193 Estados-membros, mas com um voto contra a mais, do Brasil, que agora não se pronunciou.

Nos últimos meses, o governo cubano realizou uma intensa campanha de denúncia do embargo, endurecido pelo ex-presidente americano Donald Trump. O governo do republicano estabeleceu medidas para dificultar ainda mais as transações econômicas e a chegada de turistas americanos e, além disso, incluiu o país na lista de patrocinadores do terrorismo. O governo de Joe Biden, entretanto, prometeu rever estas ações, mas, por agora, deixou claro que não vê a questão cubana como uma prioridade.

Com informações da Agência EFE.

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