Nova Iorque Uma empresa de biotecnologia dos Estados Unidos desenvolveu uma nova forma de criar células-tronco sem destruir embriões humanos, apresentando-a como uma solução potencial para o debate ético e político em torno da nova tecnologia. "Isso vai tornar ainda mais difícil ser contra esta pesquisa", disse Robert Lanza, da Advanced Cell Technology, a companhia que apresentou ontem a descoberta.
A técnica extrai uma única célula de um embrião e a utiliza para fertilizar uma linha de células-tronco. O embrião sobrevive e pode, em tese, dar origem a um ser humano saudável. O artigo que descreve o avanço está na revista científica Nature. No ano passado, a técnica já se havia mostrado viável em ratos.
Pesquisadores da área disseram-se impressionados pela capacidade da nova técnica, que gerou duas linhas robustas de células-tronco sem precisar destruir embriões. Uma porta-voz da Casa Branca referiu-se ao resultado como encorajador.
Mas poucas pessoas, nos dois lados do debate, acreditam que o novo procedimento possa pôr fim ao impasse em torno do uso de embriões em pesquisas.
O Vaticano, o presidente George W. Bush e outros afirmam que a promessa de cura da nova tecnologia não deve ser realizada ao preço de destruir embriões.
Os cientistas envolvidos em estudos com células-tronco reclamam que a técnica da Advanced Cell Technology é menos eficiente que o método tradicional, que envolve a destruição do embrião após cinco dias de desenvolvimento, quando ele é composto de cerca de 100 células.
Os que se opõem a qualquer tipo de pesquisa que destrua qualquer entidade com o potencial de se desenvolver numa vida humana lembram que a única célula retirada do embrião, pelo método da Advanced Cell Technology, poderia, em tese, dar origem a uma pessoa saudável um gêmeo idêntico do embrião original.