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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou nesta sexta-feira (22) que a mutação do coronavírus identificada no Reino Unido pode ser mais mortal que as anteriores. "Além de se disseminar mais rapidamente, agora parece haver evidência de que a nova variante detectada em Londres e no sudeste pode estar associada com um grau mais alto de mortalidade", explicou, em coletiva de imprensa.
Os estudos ainda são preliminares e estão sendo analisados por cientistas do Grupo de Conselho para Novas Ameaça de Vírus Respiratórios, que assessora o governo.
Desde que foi descoberta, no final do ano passado, a nova cepa do vírus se espalhou rapidamente para mais de 50 países. "É basicamente o impacto da nova variante que faz o NHS (sistema nacional de saúde) estar sob intensa pressão", disse o premiê.
Também na coletiva de imprensa, o principal conselheiro científico do governo britânico, Patrick Vallance, afirmou que a variante do Reino Unido está sendo transmitida entre 30% e 70% mais facilmente do que a versão original do vírus.
O especialista ressaltou que os dados sobre gravidade dos sintomas e mortalidade ainda são incertos, mas que parece haver um aumento da mortalidade com a nova cepa.
Para uma pessoa de 60 anos, o risco médio é estimado em cerca de dez mortes entre mil infectados com o Sars-CoV-2 original no país. Já com a nova variedade do vírus, estima-se que 13 ou 14 pessoas venham a morrer entre mil infectadas, calculou Vallance, segundo o jornal britânico The Guardian.
O especialista relatou ainda que há cada vez mais evidências de que a nova variante do Reino Unido seja suscetível às vacinas. No entanto, ele afirmou que existe preocupação de que as variantes detectadas no Brasil e na África do Sul possam escapar do efeito das vacinas, dadas as suas características. Ele disse que ainda é preciso ter mais informações para compreender esse efeito e que essas variantes são mais preocupantes do que a do Reino Unido.
OMS: dados disponíveis não indicam maior letalidade
A epidemiologista responsável pela resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) à pandemia de Covid-19, Maria Van Kerkhove, afirmou em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 22, que a variante do Reino Unido do novo coronavírus não mostrou sinais de que é mais mortal do que a primeira cepa do vírus, segundo estudos de laboratórios acompanhados pela entidade. A declaração da especialista contraria o que disse nesta sexta o premiê britânico, Boris Johnson.
O diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, explicou que, apesar de ter ocorrido mais mortes por Covid-19 no Reino Unido desde o surgimento da variante, isso não necessariamente está ligado à letalidade do vírus.
"Letalidade e mortalidade são duas coisas diferentes. O que observamos com certeza no Reino Unido foi um aumento do número de novos óbitos acompanhando o crescimento dos casos", afirmou Ryan, reiterando que os dados que a OMS possui até agora não indicam maior letalidade da cepa britânica do Sars-CoV-2.
Segundo a diretora de vacinas da OMS, Katherine O'Brien, não há informações suficientes para saber se os imunizantes que estão sendo usados para a Covid-19 são mais ou menos eficazes contra as novas variantes já identificadas.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, alertou ainda que o uso das vacinas não exclui a necessidade das medidas de segurança continuarem em vigor.
O texto foi atualizado com a inclusão dos comentários dos especialistas da OMS.
Atualizado em 22/01/2021 às 17:12