Uma equipe de oficiais dos EUA foi para a Coreia do Norte neste domingo (27) para negociar os preparativos para encontro entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Apesar das ameaças de cancelamento da cúpula de 12 de junho por ambos os lados, as conversas sobre um encontro entre os dois líderes avançam.
As tratativas foram anunciadas por Trump neste domingo quando ele tuitou: "Nossa equipe dos Estados Unidos chegou à Coreia do Norte para fazer arranjos para a cúpula com Kim Jong-un. Acredito sinceramente que a Coreia do Norte tem um potencial brilhante e será uma grande nação um dia. Kim Jong-un concorda comigo sobre isso. Isso vai acontecer!".
Sung Kim, ex-embaixador dos EUA na Coreia do Sul, está liderando os preparativos, segundo uma fonte que está a par dos acordos. As conversas estão concentradas no que seria o principal ponto de negociação entre os dois países: o programa de armas nucleares da Coreia do Norte.
Sung Kim se encontrou com Choe Son Hui, o vice-ministro norte-coreano das Relações Exteriores, que disse na semana passada que Pyongyang estava "reconsiderando" as negociações. Os dois oficiais se conhecem bem - ambos faziam parte de suas respectivas delegações nas negociações de um fracassado acordo de desnuclearização da Coreia do Norte em 2005.
Sung Kim foi acompanhado por Allison Hooker, especialista em Coreia no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, e uma autoridade do Departamento de Defesa. Randall Schriver, o secretário assistente de defesa do Leste Asiático e um dos funcionários que acompanharam o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a Pyongyang no início deste mês, também está em Seul.
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Espera-se que as conversas continuem na segunda e na terça-feira em Tongilgak, ou "Casa da Unificação", o prédio na parte norte da zona desmilitarizada onde Kim Jong-un encontrou Moon no sábado (26). Essa reunião improvisada entre os líderes coreanos teve como propósito tentar salvar a cúpula que Trump havia suspendido dois dias antes.
O presidente sul-coreano Moon Jae-in disse que Kim ainda estava comprometido com a "completa desnuclearização" da península coreana, mas ele se recusou a definir o que isso significa, sugerindo que ainda existem lacunas fundamentais na questão-chave que prejudica os preparativos para um encontro com Trump.
O presidente sul-coreano, que está desempenhando um papel de mediador nas negociações, está otimista. "Nós concordamos que a cúpula da Coreia do Norte com os EUA em 12 de junho deve ser realizada com sucesso", disse ele.
Dados todos os altos e baixos da cúpula, muitos analistas ficaram aliviados ao saber que o governo havia pedido ajuda a Sung Kim, especialmente devido à aposentadoria do colega diplomata Joseph Yun no início deste ano. "Este é um grande passo", disse Vipin Narang, especialista em não-proliferação nuclear do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, observando que a preparação da cúpula é melhor realizada por especialistas nos bastidores, e não via Twitter.
Ceticismo nos EUA
Em Washington, legisladores e ex-funcionários de inteligência dos EUA expressaram apoio geral no domingo para que a cúpula ocorra, mas muitos reagiram com ceticismo à sugestão de que a Coreia do Norte estaria aberta a discutir a desnuclearização.
"Eles estão jogando um jogo", disse o senador Marco Rubio (Republicano), membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado, em entrevista à CBS. "Essas armas nucleares são algo a que ele [Kim Jong-un] está psicologicamente ligado. Elas são o que lhe dão seu prestígio e importância ... Eu adoraria ver um desnuclearização [da península coreana]. Eu só não estou muito otimista quanto a isso".
James Clapper, ex-diretor de inteligência nacional dos EUA e ex-oficial sênior de inteligência das forças norte-americanas na Coreia do Sul, disse temer que a ideia de "desnuclearização" da Coreia do Norte acarrete redução ou eliminação das forças estratégicas norte-americanas no Pacífico.
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"Quando dizemos 'desnuclearização da península coreana', esta poderia ser uma via de mão dupla", disse Clapper, também à CBS.
Clapper sugeriu que um objetivo digno para a cúpula poderia ser estabelecer um "canal regular de comunicação" entre os dois países, talvez incluindo a abertura de gabinete diplomático dentro da embaixada de um terceiro país em ambas as capitais.
"Isso não é uma recompensa pelo mau comportamento", disse Clapper. "É mutuamente recíproco e nos daria presença, mais perspicácia e mais compreensão". Do ponto de vista da Coreia do Norte, uma presença dos EUA no país poderia dar a Pyongyang uma "sensação de segurança" contra um possível ataque dos EUA.
Mas Michael Hayden, diretor da CIA durante o governo de George W. Bush, disse temer que Trump possa estar em desvantagem em uma negociação cara-a-cara com Kim Jong-un. Ele disse que o "perigo real" não é a retórica e a teatralidade em torno da reunião, mas sim o essencial: "O que acontecerá nessa reunião?".
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"Essas pessoas não vão se livrar de todas as suas armas nucleares", disse Hayden. "E se a marca que o presidente Trump quer deixar ao ir para essa reunião exige algo assim, isso vai acabar muito mal".