Nove brasileiros fazem parte da equipe de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, que levou nessa sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore.
Para o climatologista José Marengo, um dos cientistas brasileiros no painel, o prêmio ajudará a mostrar que os alarmes por conta do aquecimento global "não são parte de uma conspiração política, mas de uma realidade que temos que enfrentar agora."
Apesar dos nove brasileiros em seu quadro, a maior parte dos três mil cientistas do IPCC são americanos. O prêmio de US$ 1,5 milhão - 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,8 milhões - será dividido entre os dois vencedores.
Gore (foto), vice-presidente durante as gestões de Bill Clinton e candidato presidencial democrata derrotado pelo presidente George W. Bush em 2000, se transformou em um proeminente ativista internacional pela ação contra os efeitos das mudanças climáticas, em particular graças ao seu filme Uma Verdade Inconveniente, vencedor de um Oscar em 2006.
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Para esta edição, houve um número recorde de 181 concorrentes. Gore foi indicado ao prêmio por dois deputados do Parlamento norueguês, a socialista Heidi Sorensen e o liberal Borge Brende, por seus esforços para colocar os problemas ambientais na agenda política internacional.
"Me sinto profundamente honrado em receber o Prêmio Nobel da Paz", agradeceu Al Gore em um comunicado logo após o resultado ser anunciado.
Gore também informou que vai doar toda a sua parte do prêmio para a organização não governamental Aliança para a Proteção Climática, dedicada a mudar a opinião pública nos Estados Unidos e o mundo sobre a urgência de resolver a crise climática.
A Casa Branca parabenizou Gore e o comitê da ONU pelo prêmio:
"É evidente que estamos felizes pelo vice-presidente Gore e pelo comitê por receberem esse reconhecimento", disse o porta-voz da Casa Branca Tony Fratto, referindo-se ao Comitê Intergovernamental de Mudança Climática.
O IPCC, um painel da ONU que reúne cerca de três mil cientistas e especialistas de várias áreas e é presidido pelo indiano Rajendra Pachauri, consiste em avaliar a informação científica disponível sobre os efeitos das mudanças climáticas, destacar seus impactos ambientais e socioeconômicos e traçar estratégias para dar respostas adequadas ao fenômeno.
Pachauri se disse "encantado" pelo prêmio concedido ao órgão que dirige, e afirmou que está disposto a cooperar com o também premiado Al Gore.
Em encontro com jornalistas em Nova Délhi, Pachauri (foto) recebeu um telefonema do ex-vice-presidente americano Gore, a quem disse: "Estou encantado por compartilhar deste prêmio com o senhor, e estou desejando trabalhar com o senhor para mudar a forma de o mundo pensar".
O presidente do IPCC explicou, ao falar com Gore, que deve viajar para Washington no próximo dia 20. "Poderíamos nos encontrar por algumas horas", sugeriu, antes de voltar a expressar sua satisfação pelo prêmio.
" É um reconhecimento especial para a comunidade científica "
- É um reconhecimento especial para a comunidade científica e que também deveria ir para os Governos que apoiaram o IPCC - disse aos jornalistas Pachauri, sem esconder sua satisfação.
- O êxito tem de ser compartilhado, eu sou apenas o porta-voz. O Nobel premia um esforço intelectual e científico destacado, realça o senso de responsabilidade e de compromisso - acrescentou.
Entre os favoritos para o Nobel da Paz estavam Al Gore, a ativista canadense Sheila Watt-Cloutier, o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, o monge budista vietnamita Thich Quang Do, além do polêmico presidente da Bolívia, Evo Morales.
A entrega do Nobel da Paz para Al Gore aumentou as pressões para que o democrata lance sua candidatura à Presidência em 2008 . Mas, segundo assessores, Gore não dá sinais de interesse pela disputa.
Um grupo de ativistas democratas de diferentes partes dos EUA criou uma campanha para que Al Gore entre na disputa .
O ex-vice-presidente assiste a um número cada vez maior de ativistas democratas conclamá-lo a concorrer novamente.
Monica Friedlander, fundadora do www.draftgore.com, disse depois do anúncio do Nobel da Paz que agora "seria muito difícil para ele dizer não". "Ele tem condições de desempenhar um papel fundamental", afirmou à Reuters.
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