Ao menos nove pessoas, entre as quais um soldado das forças paramilitares, foram mortas nesta terça-feira (3) durante um confronto das forças de segurança do Paquistão com estudantes de uma mesquita de Islamabad controlada por um movimento parecido com o Talibã, disseram autoridades.
Um alto-falante do complexo da Lal Masjid, ou Mesquita Vermelha, pedia aos seguidores do movimento que passassem a realizar ataques suicidas.
O conflito começou quando cerca de 150 estudantes investiram contra um destacamento das forças de segurança estacionado em um prédio do governo localizado perto da mesquita. Os estudantes apreenderam as armas dos militares e fizeram quatro deles reféns, segundo a polícia.
As forças paramilitares dispararam bombas de gás lacrimogêneo para dispersar as centenas de estudantes reunidas do lado de fora da mesquita. Os estudantes teriam reagido a tiros.
As autoridades paquistanesas vivem há meses um impasse com os estudantes, que desejam impor na capital paquistanesa valores sociais ao estilo do Talibã.
Uma importante autoridade do Ministério do Interior que não quis ter sua identidade revelada informou que, além do soldado, quatro estudantes, um cinegrafista e outros três pareciam ter sido mortos no fogo cruzado.
Segundo essa autoridade, 148 pessoas ficaram feridas, a maior parte delas devido ao efeitos de gás lacrimogêneo.
Um vice-líder do movimento estudantil, Absul Rashid Ghazi, disse à agência de notícias "Reuters": "Eles estão agindo com brutalidade. Até agora, oito de nossos estudantes foram mortos."
Os estudantes atearam fogo a uma parte do prédio onde fica o Ministério do Meio Ambiente e a vários veículos estacionados na área. Eles também atiraram pedras contra outras instalações do governo, quebrando janelas.
Enquanto o tiroteio arrastava-se por horas, surgiu nos alto-falantes o apelo por ataques suicidas. "Pedimos para que os disparos fossem interrompidos dez minutos atrás. Mas como os disparos continuam, estamos convocando todos a realizarem ataques suicidas."
O governo disse que deseja negociar.
"Apesar do ataque gratuito realizado pelos estudantes da Lal Masjid, o governo ainda deseja resolver a situação por meio do diálogo", afirmou o vice-ministro paquistanês do Interior, Zafar Iqbal Warraich, à TV estatal do país.
Apesar do tiroteio, estudantes armados com pedaços de pau ainda podiam ser vistos do lado de fora da mesquita. Mulheres vestidas com burcas reuniram-se no forro de uma madrassa (escola islâmica) adjacente e gritavam palavras de ordem contra o governo. Alguns homens exibiam fuzis Kalashnikov.
"Vocês podem nos matar. Vamos morrer, mas não vamos desistir de nossa exigência de que seja observada a Sharia islâmica", afirmou a estudante Mahira.
Soldados ocuparam os prédios que ficam na frente do grande complexo da mesquita, enquanto policiais armados com bastões entravam em formação. Ambulâncias podiam ser vistas estacionando nas ruas próximas.