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Integração

Novo bloco exclui EUA e Canadá

Painel no centro de Caracas, Venezuela, anuncia a criação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) | Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Painel no centro de Caracas, Venezuela, anuncia a criação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) será oficializada hoje em Caracas, durante encontro com líderes da região. O novo bloco marca o fim de um lento processo de afirmação regional e das articulações para a criação de um espaço político sem Washington.

A criação da Celac, herdeira dos fóruns Cúpula da América Latina e do Caribe e Grupo do Rio, foi proposta em fevereiro de 2010 no México pelos líderes da região, lançando uma clara mensagem de que chegou a hora de contar com um órgão político genuinamente latino-americano e caribenho, que se afasta da histórica influência dos EUA.

Em outras palavras, mais de 60 anos depois do lançamento da Organização de Estados Ameri­­canos (OEA), a região concordou em criar uma série de alternativas instituicionais, incluindo Cuba e excluindo Estados Unidos e Canadá.

"A criação da Celac é uma de­­monstração da confiança da região em si mesma e do crescente desejo de independência em relação aos Estados Unidos", afirmou Cynthia Arnson, diretora do programa latino-americano do Wilson Center.

Desde a Colômbia até o Equa­­dor, que representam extremos nas relações com Washing­­ton, os presidentes latino-americanos apóiam a criação da Celac e a maioria confirmou sua participação na reunião, um mês de­­pois de a tribuna da Cúpula Ibero­­americana em Assunção – que inclui as antigas potências colonizadoras, Espanha e Por­­tugal –, ter ficado quase vazia de líderes.

"Esta é a década da América Latina, porque temos para oferecer tudo o que o mundo está buscando e quanto mais nos integramos, mais preparados estaremos para enfrentar esse furacão que está atingindo a economia mundial", disse on­­tem o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

Os especialistas, apesar de admitirem que a existência do novo órgão é suscetível a rivalizar com a Organização dos Estados Americanos (OEA), descartam uma ameaça imediata para o órgão com sede em Washington. Os dois órgãos "operam de alguma forma na mesma região, com uma natureza política e uma vocação de resolver os problemas regionais", diz o brasileiro Alberto Pfeifer, diretor-executivo do Conselho Empresarial da América Latina.

"Mas a OEA sempre teve algo a oferecer, com um mandato, um sistema de cooperação e recursos financeiros. Por enquanto, a Celac não tem nada disso", acrescenta Pfeifer, também professor de Relações Internacionais.

Para Milos Alcalay, ex-embaixador venezuelano na ONU, "o sucesso da cúpula dependerá de se a Celac for apresentada por seus membros como um órgão além da OEA, e que evitem declarações excludentes por parte de países hostis a esse órgão com sede em Washington".

A reunião "deve levar uma mensagem de unidade latino-americana e integração regional sem pretender substituir a já existente, algo que não ficaria bem entre os aliados de Washing­­ton, como Colômbia, Brasil ou Chile", afirma Alcalay.

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