Presidente "joga tudo" para conquistar votos
Washington - O presidente Barack Obama resolveu ontem se jogar de cabeça na internet num último esforço em prol do voto democrata, pedindo aos jovens eleitores e grupos de minoria que apoiem seu partido nas eleições legislativas de meio de mandato. "Você poderia passar 15 minutos entrando em contato com os eleitores para dizer a eles como é importante que eles votem hoje?", afirma Obama em sua conta no Twitter.
Republicanos saem na frente no começo da apuração
Washington - A oposição republicana cravou seus primeiros ganhos nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos em meio à expectativa de recuperar o controle da Câmara dos Representantes e reduzir a maioria democrata no Senado.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se verá em difícil situação para levar adiante sua agenda de "mudança" a partir de janeiro, quando tomarão posse os 435 novos deputados federais e 33 os senadores eleitos ontem no país. A nova composição do Congresso não só dificultará a tramitação de projetos originados na Casa Branca nos próximos dois anos. Também puxará a agenda interna e externa dos EUA para o campo mais conservador e dará início a um período de intenso conflito entre os republicanos e o governo Obama.
A reconquista da maior parte das cadeiras da Câmara dos Deputados pelo Partido Republicano e a redução da maioria democrata no Senado devem ser confirmadas hoje, no decorrer da apuração.
Segundo Robert Pastor, diretor do Centro para Democracia e Administração Eleitoral da American University, por mais que o presidente Obama mostre-se aberto ao diálogo com a oposição sobre suas futuras iniciativas, o Partido Republicano se mostrará inflexível. Esse comportamento foi observado nos 22 meses de gestão de Obama.
Os projetos ambiciosos da Casa Branca, como as reformas dos planos de saúde e do sistema financeiro, o pacote econômico de US$ 700 bilhões e a ajuda a bancos e grandes empresas, somente foram aprovados porque os democratas detinham a maioria nas duas casas nesse período. Ainda assim, foi necessário um tremendo esforço de negociação com a base.
Agora, o Partido Republicano terá o controle da Câmara e contará com representantes do Tea Party em sua bancada. Essa facção de ultradireita tende a se rebelar contra posições moderadas dos republicanos. Como uma primeira iniciativa para impedir a rebelião interna, o partido anunciará amanhã a criação de um Comitê de Transição.
A Câmara deverá ser presidida, a partir de janeiro caso as projeções dos resultados das eleições se confirmem , pelo deputado republicano John Boehner, de Ohio. Sua agenda trará como principal desafio o bloqueio à política da Casa Branca de fomento da economia a partir de dedução de impostos para a classe média e a pequena e média empresa. Boehner insistirá no corte de gastos públicos como meio de reduzir o déficit fiscal, de US$ 1,3 trilhão, o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto norte-americano.
O inevitável ambiente de maior conflito no Congresso americano já está sendo digerido pela equipe de Obama, segundo uma fonte do governo. Os próprios eleitores, ao concederem maior força aos republicanos no Congresso, deixaram claro sua insatisfação com o governo seja por ter isso longe demais em tópicos como os planos de saúde ou por ter sido pouco eficiente na condução da recuperação econômica.
Mudança na equipe
Diante do novo cenário político, líderes do Partido Democrata já sugeriram a Obama uma mudança na sua equipe de colaboradores mais próximos e uma revisão em sua agenda. O principal temor da Casa Branca, neste momento, está na possibilidade de reversão de reformas já aprovadas pelo Congresso neste ano. Entre elas, a dos planos de saúde, uma das principais promessas de "mudança" da campanha de Obama em 2008. Também há preocupação com políticas já traçadas pelo governo, mas ainda não postas em prática, como os compromissos que os EUA assumirão na próxima Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, a COP 16, marcada para dezembro no México.