Um novo esboço de um acordo internacional para deter o aquecimento global apresentado nesta terça-feira em Copenhague não contém nenhuma menção a metas de cortes de emissões de gás carbônico nem do financiamento de medidas de combate às mudanças climáticas. A ausência de metas é vista por especialistas como um reflexo do impasse nas negociações sobre o clima.
Nesta terça-feira, os dois maiores poluidores do mundo, os Estados Unidos e a China, voltaram trocar farpas. A China acusou os EUA e outros países ricos de renegarem o compromisso de combater o aquecimento global. O enviado americano à conferência disse que a meta chinesa de reduzir as emissões de gases poluentes deveria ser verificada por fontes independentes.
O novo esboço divulgado nesta terça-feira traz referências a um texto anterior, divulgado na última sexta-feira, com uma banda de metas de emissões, mas diz que os detalhes, como a ajuda financeira aos países pobres e as metas de longo prazo para limitar a emissão de poluentes, "ainda precisam ser elaborados".
O rascunho do acordo vem à tona em um momento no qual líderes de mais de cem países preparam-se para chegar a Copenhague para uma reunião de cúpula que encerrará a 15ª conferência sobre mudanças climáticas promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Apesar dos esforços, as discussões têm avançado num passo mais lento do que o esperado em meio a desentendimentos com relação a quem deve poluir menos e a quem deve financiar os esforços.
O esboço que começou a circular nesta terça-feira enfatiza que os países industrializados são historicamente responsáveis pela maior parte das emissões globais de gás carbônico, motivo pelo qual devem "assumir a dianteira no combate às mudanças climáticas", reduzindo a poluição e fornecendo dinheiro e tecnologia às nações mais pobres.
O rascunho vem à tona um dia depois de o Grupo dos 77, que inclui dezenas de países pobres e potências emergentes como Brasil, China e Índia, ter-se retirado das negociações, acusando as nações industrializadas de quererem afundar o Protocolo de Kyoto.
A situação levou à suspensão das negociações oficiais na segunda-feira, obrigando os organizadores a criarem cinco diferentes grupos de trabalho para fazer avançar as consultas sobre as questões mais espinhosas em debate.
Reunidos em Copenhague, representantes de quase 200 países negociam um novo acordo climático capaz de suceder o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
EUA e Europa coordenam a ação
Numa videoconferência exibida em Copenhague no final da tarde desta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se comprometeram a cooperar estreitamente nas negociações para um acordo sobre as mudanças climáticas, disse o porta-voz do governo alemão, Ulrich Wilhelm.
"Eles coordenaram suas posições e pediram às equipes de todos que trabalhem juntas durante as próximas preparações" para a conferência, disse Wilhelm em um comunicado.
Todos os quatro líderes estarão na conferência em Copenhague mais tarde nesta semana.
Merkel disse nesta terça-feira mais cedo que ela está "um pouco nervosa" sobre se a cúpula conseguirá atingir todos os seus objetivos.
Em Copenhague, os funcionários dos governos tentam trabalhar num acordo que irá vigorar após 2012, quando o Protocolo de Kyoto, que fixa reduções às emissões de dióxido de carbono, expirar.
Merkel quer que Copenhague resulte num consenso político, que então será finalizado num acordo político legal no primeiro semestre de 2010. Ela deverá participar da conferência nos dias 17 e 18 de dezembro.
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