Um jipe-robô movido a energia nuclear, do tamanho de um carro popular, deve iniciar no próximo fim de semana sua viagem de nove meses a Marte, onde buscará descobrir se o planeta é ou já foi adequado para a vida.
O Laboratório Científico de Marte, projeto da Nasa que custou 2,5 bilhões de dólares, será lançado a bordo do foguete não-tripulado Atlas 5. A previsão é que isso aconteça às 10h02 de sábado (13h02, pelo horário de Brasília), na Base Aérea do Cabo Canaveral, vizinha ao Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
"Esta é a missão mais complicada que já tentamos na superfície de Marte", disse a jornalistas na quarta-feira o gerente do projeto na Lockheed Martin, Peter Theisinger. A empresa é a principal contratada pela Nasa para desenvolver o jipe-robô.
Na década de 1970, após enviarem a Marte as sondas gêmeas Viking, os cientistas chegaram a um consenso de que não há vida no planeta vermelho. Agora, a estratégia da agência espacial é buscar sinais de água no passado marciano, vinculando a busca pela vida a uma melhor compreensão do ambiente local.
"Tudo que sabemos sobre a vida e o que torna um ambiente vivível é peculiar à Terra", disse a astrobióloga Pamela Conrad, da Nasa, subchefe científica da missão.
Sem ter uma lua suficientemente grande para estabilizar sua inclinação, Marte passa por mudanças climáticas dramáticas ao longo das eras, já que seu eixo oscila entre ficar mais perto e mais distante do Sol.
A história do que aconteceu com Marte ao longo de milhões de anos está quimicamente escrita nas suas rochas, o que inclui pistas sobre se o planeta já teve em sua superfície água líquida e outros ingredientes supostamente necessários à vida, e por quanto tempo.
Em 2004, dois jipes-robôs menores, o Spirit e o Opportunity, pousaram em pontos opostos do planeta para procurar água. Deveriam funcionar por três meses, mas a missão acabou durando vários anos. A Spirit sucumbiu no ano passado ao rigoroso inverno local, e a Opportunity agora começou a explorar uma nova área, com argilas formadas por água. Ambas as sondas descobriram sinais de que a água teria se misturado às rochas de Marte no passado.
O novo jipe-robô, apelidado de Curiosity, leva a busca a outros elementos essenciais para a vida, especialmente as substâncias orgânicas. O equipamento, projetado para durar dois anos, está equipado com dez ferramentas. Ele trabalhará em um local particularmente "sedutor" do planeta, a cratera Gale, com 154 quilômetros de diâmetro. Dentro dela há uma montanha com depósitos em camadas, erguendo-se a 4.800 metros - o dobro da altura das camadas que formam o Grand Canyon, nos EUA.
Os cientistas não sabem como o morro se formou, mas suspeitam que ele resulte da erosão de sedimentos que no passado preenchiam completamente a cratera.
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