Curitiba A ejaculação precoce, um problema que atinge quase 30% dos homens no mundo todo, pode estar com os dias contados. Um medicamento chamadado dapoxetina teve sua eficácia e segurança comprovadas em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. A Alza Corporation, afiliada da Johnson & Johnson, é a responsável pela produção do medicamento.
Mais de 2.600 homens, com idades entre 18 e 77 anos, participaram do estudo, que foi publicado pela revista médica britânica The Lancet. Todos os participantes selecionados para a pesquisa enfrentam problemas de ejaculação precoce, em graus que variam de moderado a grave. Eles ejaculavam menos de um minuto depois da penetração. Noventa dias após o início do estudo, os que foram medicados com 60 miligramas de dapoxetina aumentaram este tempo para 3 minutos e 19 segundos. Os que ingeriram 30 miligramas passaram a ejacular em 2minutos e 47 segundos. Um terceiro grupo, que tomou um placebo, passou para 1minuto e 45 segundos.
Uso esporádico
"Foi um estudo bem desenhado que comprovou a eficácia e a tolerabilidade do remédio. A vantagem é que o paciente só precisaria tomar a medicação antes das relações sexuais, sem a necessidade de tratamento contínuo", explica Manoel Antônio Guimarães, professor de Urologia da Universidade Evangélica do Paraná.
O medicamento inibe a recaptação da serotonina no sistema nervoso, diz Guimarães. Ou seja, a dapoxetina consegue manter a serotonina por mais tempo no corpo, fazendo com que o homem demore para ejacular.
"Acredito que a medicação esteja disponível a partir de 2007. Mas só a prática clínica vai dizer sobre a eficácia da substância. A descoberta deste remédio pode ser considerada mais uma peça no quebra-cabeça desta doença, que tem suas causas ainda pouco conhecidas pelos especialistas. É uma luz no fim do túnel."
A raiz do problema da ejaculação precoce provém de motivos emocionais ou psicológicos e menos por fatores orgânicos, diz o urologista. "As causas variam de timidez, ansiedade e até mesmo o estresse."
Para Guimarães, a dapoxetina pode ser considerada um marco em comparação ao tratamento clássico, que inclui a psicoterapia, tem um custo relativamente alto e exige paciência até o alcance de resultados positivos. "Muitos homens não estão dispostos a enfrentar este tipo de tratamento, mais demorado."
Efeitos colaterais
A dapoxetina, no entanto, tem alguns efeitos colaterais. Segundo relatado no estudo da Universidade de Minnesota, os pacientes podem passar por enjôos, naúseas, dores de cabeça e diarréia. Por isso, Guimarães ressalta que os homens que enfrentam este problema devem consultar um médico antes de tomar qualquer medicação.