O social-democrata Boris Pistorius foi nomeado como chefe do Ministério da Defesa da Alemanha.| Foto: EFE
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Países do Ocidente se preparam para dar a Kiev meios para lidar com a ofensiva russa, que deve impor uma escalada na primavera europeia. A Alemanha, que foi cobrada pela Ucrânia e aliados por permanecer reticente e pouco colaborativa nos primeiros meses de guerra, agora tem um papel fundamental no conflito que está perto de completar um ano.

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Os países ocidentais se reunirão na próxima sexta-feira (20) na base americana de Ramstein, na Alemanha.  Muito avançados na assistência às forças ucranianas, os britânicos assumiram a liderança do movimento ao anunciar, no último sábado (14), a expedição de um esquadrão de quatorze tanques Challenger 2.  Esses serão os primeiros tanques pesados de fabricação ocidental implantados no cenário defensivo ucraniano.

Com o anúncio, o premiê britânico, Rishi Sunak, destacou aos parceiros ocidentais que é preciso “acelerar” a entrega de equipamentos à Ucrânia. Recentemente, Camille Grand, ex-funcionária sênior da OTAN, agora especialista no think tank do Conselho Europeu de Relações Exteriores, detalhou que "várias barreiras foram ultrapassadas" na ajuda militar à Ucrânia, com o sistema Patriot oferecido pela Alemanha e pelos Estados Unidos e com os carros blindados prometidos pela França.

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Equipamentos desse porte ainda não tinham sido enviados pelo Ocidente, especialmente porque possibilitam uma escalada da guerra e porque marcam um claro posicionamento dos países da OTAN ao cederem caros equipamentos a um país fora da Aliança.

Entre os ocidentais, quem mais pode contribuir e se tornar decisiva para a ofensiva ucraniana é a Alemanha. Sylvie Kauffman, editorialista do jornal francês Le Monde destaca a importância das oficinas da Rheinmetall, empresa alemã que fabrica, produz e vende equipamentos de guerra para a Europa. Alguns países, como Polônia, Espanha ou Finlândia, aceitam ceder parte desses materiais alemães para a Ucrânia, mas para isso precisam do sinal verde de Berlim, que controla as licenças de exportação.

A Alemanha está, portanto, sob pressão de várias nações aliadas, principalmente a Polônia, para entregar tanques Leopard para ajudar Kiev contra a invasão russa.

Contexto político  

Politicamente, a Alemanha ainda está dividida sobre o quanto deve contribuir com a Ucrânia. Primeiramente, por temer uma escalada e uma resposta russa. Alguns políticos também citam o perigo da imagem simbólica do retorno dos tanques alemães às terras ucranianas, com a presença nazista durante a Segunda Guerra, marcada por brutalidade e violência contra os locais.

Dessa forma, cada movimento a favor de Kiev tem sido cautelosamente calculado pelas autoridades alemãs. A tensão chegou até a coligação governamental, com pressão dos Verdes e do Partido Democrático Liberal a favor de uma Alemanha mais empenhada contra a Rússia, enquanto o chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata, está dentro de uma corrente mais neutra e pacifista.

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Novo ministro 

A demissão, na segunda-feira (16) da ex-ministra da Defesa, Christine Lambrecht, também marca essa fase de importância do posicionamento alemão diante do conflito no Leste Europeu. Lambrecht foi profundamente criticada por ter ficado em cima do muro.

Scholz confirmou na terça-feira (17) a nomeação do social-democrata Boris Pistorius como chefe do Ministério da Defesa, apresentando-o como "a pessoa certa" para liderar "a mudança de era" causada pela guerra na Ucrânia.

O ex-ministro do Interior da região da Baixa Saxônia é “um político altamente experiente, que lida com a política de segurança há anos)”, destacou o chanceler do país em uma declaração por escrito.

Na próxima sexta-feira, diante de Lloyd Austin, o secretário de defesa americano, Boris Pistorius terá a missão de posicionar mais claramente a Alemanha dentro do conflito.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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