Ao menos 43 presos morreram na madrugada desta segunda-feira (9), durante um novo motim ocorrido na penitenciária da cidade de Santo Domingo de los Tsáchilas, no Equador, informou a Procuradoria Geral da República.
Em mensagem publicada no Twitter, o órgão confirmou que “foram contados 43 reclusos mortos até agora”, poucos minutos após o ministro do Interior, Patricio Carrillo, ter anunciado que 41 presos tinham morrido.
"A maioria deles, para não dizer quase 100%, à primeira vista, foram privados da vida com arma branca, não com uma arma de fogo", disse Carrillo em entrevista coletiva momentos antes.
O ministro acrescentou que a maioria dos corpos “foram expostos e agredidos nos pavilhões e nas celas” e que 112 prisioneiros tinham sido recapturados, alguns já fora da prisão.
A Polícia Nacional foi mobilizada e coordenada com as Forças Armadas para proteger as estradas que ligam a prisão ao cantão (município) e ao resto da província de Santo Domingo de los Tsáchilas.
Carrillo observou que os confrontos na prisão, nos quais também 13 pessoas foram feridas (algumas delas em estado grave), ocorreram entre uma organização criminosa autodenominada Los Lobos e outro grupo criminoso dissidente, que se intitulava R7.
Devido à gravidade de alguns dos feridos, o ministro não descartou que o número de mortos possa aumentar nas próximas horas.
O ministro descreveu o que aconteceu na prisão de Bellavista como “crueldade”, e disse que foi o mesmo grupo que recentemente provocou outro confronto na prisão de Turi, na cidade de Cuenca, que deixou 20 prisioneiros mortos e pelo menos dez feridos.
Carrillo afirmou que os chefes de grupos criminosos deveriam ser sujeitos a regimes disciplinares mais rígidos. Segundo ele, após os incidentes, foram realizadas buscas nas quais as autoridades encontraram “armas de fogo escondidas”.
Outros confrontos
No Equador, quase 400 reclusos foram mortos nos últimos dois anos em confrontos entre organizações rivais ligadas ao tráfico de drogas que lutam pelo controle interno das prisões e têm ramificações dentro e fora dos presídios, de acordo com as autoridades.
Recentemente, a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) publicou um relatório sobre a crise prisional no Equador, no qual exortava o governo a recuperar o controle interno das prisões, proporcionar condições decentes aos presos e desenvolver políticas de prevenção do crime que não deem prioridade à prisão.
No final de 2021, havia mais de 36 mil reclusos em 36 instalações, incluindo prisões e centros de reabilitação social, com uma capacidade de 30 mil, embora a superlotação tenha alcançado 62% em prisões como Guayaquil, a mais povoada do país, com 7.231 reclusos, e o cenário dos episódios mais sangrentos do ano passado.
Para resolver a crise prisional, o governo de Guillermo Lasso está contratando 1,4 mil novos agentes prisionais, concedendo cerca de 5 mil perdões a presos condenados por delitos menores e desenvolvendo a primeira política de direitos humanos do país para a população prisional.