Num discurso de claro teor eleitoral, o novo primeiro-ministro do Japão, Taro Aso, prometeu nesta segunda-feira (29) uma redução de impostos, cobrou apoio dos rivais a medidas econômicas de emergência e criticou a oposição por impedir reformas.
Ele disse ainda que sua prioridade diplomática será fortalecer as relações com os EUA, mas mantendo a cooperação com a China e com outros vizinhos na busca pela estabilidade regional. Aso também defendeu a prorrogação da missão naval que dá apoio às forças dos EUA no Afeganistão.
Esse nacionalista que tomou posse na semana passada, após a repentina renúncia de seu antecessor, deve convocar eleições antecipadas para tentar superar o impasse provocado pela divisão do Parlamento, já que o Partido Democrático (oposição) e alguns pequenos aliados são capazes de bloquear projetos no Senado.
Mas o novo gabinete de Aso já sofreu um revés nesta semana, quando o ministro dos Transportes renunciou depois de uma série de gafes em apenas quatro dias no cargo. O fato deu munição para a oposição, que se prepara para uma disputa acirrada nas urnas.
"Do começo ao final, a postura do Partido Democrático foi a de colocar as manobras em primeiro lugar e a subsistência das pessoas em segundo ou terceiro", disse Aso a deputados, num discurso preparado de antemão.
"O slogan do Partido Democrático é 'Política é para proteger a subsistência das pessoas'... Para realizar realmente esta meta, precisamos criar regras para alcançar acordos", disse ele.
"Será que o Partido Democrático está preparado para isso? Ou será que, recusando-se a tomar decisões nesta legislatura e novamente colocando a subsistência das pessoas em segundo lugar, ele irá trair seus próprios princípios?"
Na última legislatura, a oposição obstruiu a votação de vários projetos e rejeitou duas vezes a indicação do governo para a direção do Banco do Japão, o que deixou o banco central do país acéfalo durante semanas.
O chefe-de-gabinete Takeo Kawamura admitiu que o discurso parece ter um teor eleitoral. "É um pouco diferente dos discursos políticos anteriores, provavelmente por causa da eleição", afirmou em entrevista coletiva.
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