Em dezembro do ano passado, o Congresso americano solicitou ao Departamento de Estado a elaboração de um plano estratégico para conter a presença do Irã no continente. O documento ainda não foi entregue, e o prazo vence em 30 de junho, duas semanas depois da eleição presidencial iraniana. A preocupação dos congressistas norte-americanos cresceu de forma expressiva nos últimos anos, em paralelo ao fortalecimento do vínculo entre o governo do Irã e vários países da região, entre eles Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Cuba e Argentina. Na visão de analistas de países que se aproximaram do regime iraniano, a eleição deve manter com pouca ou nenhuma modificação os relacionamentos consolidados por Mahmoud Ahmadinejad.
A novidade, diz Juan Gabriel Tokatlián, professor de Relações Internacionais da Universidade Di Tella de Buenos Aires, será um maior interesse dos EUA na estratégia de inserção latino-americana de Teerã, uma das respostas encontradas pela Revolução Islâmica para enfrentar o isolamento internacional.
A Venezuela chavista é considerada pelo Irã um de seus principais aliados no continente. Com Hugo Chávez e Ahmadinejad, o vínculo bilateral tornou-se importantíssimo para os dois governos. Em seus 14 anos de gestão, o presidente venezuelano visitou oito vezes o Irã, e foram assinados mais de 300 acordos de cooperação bilateral em energia nuclear, construção de casas populares, saúde, educação, transporte, produção petrolífera e agricultura.
"O relacionamento poderia até intensificar-se mais, sobretudo em questões de defesa e no setor petrolífero", opina Carlos Romero, da Universidade Central da Venezuela.
"O embaixador do Irã em La Paz me disse que o principal objetivo de seu governo é a transferência tecnológica entre os dois países, e isso vai continuar no futuro governo", comentou Carlos Cordero, professor da Universidade Maior de San Andrés.
Já o presidente equatoriano, Rafael Correa, afirmou que seu país sofreu ameaças do Grupo de Ação Financeira (Gafi, formado por 33 nações), por seus vínculos com o Irã:
"Não pediremos autorização a ninguém para definir nossas relações diplomáticas", desafiou.