Duas guerras e uma crise econômica cada vez mais profunda alimentam o prospecto de que, independente do vencedor da corrida à Presidência norte-americana na terça-feira, o próximo dirigente anunciará rapidamente os nomes que ocuparão os principais cargos do governo.
O democrata Barack Obama, que lidera as pesquisas de intenção de voto contra o republicano John McCain, foi acusado por seu rival de estar confiante demais na vitória a ponto de já estar "medindo as cortinas" do Salão Oval.
Os republicanos também se aproveitam de notícias sobre a equipe de transição de Obama estar trabalhando para permitir-lhe anunciar os ocupantes de cargos como o de secretário do Tesouro e de secretário de Estado logo depois das eleições, caso seja de fato o vencedor.
No entanto, ex-membros do governo e especialistas no assunto afirmam que antecipar os preparativos é algo essencial em vista dos desafios apresentados pela crise econômica e pelas guerras no Iraque e no Afeganistão. O novo presidente toma posse em janeiro.
"A necessidade de haver uma transição sem percalços é maior do que nunca antes nas últimas décadas", disse William Galston, ex-assessor de política doméstica para o presidente Bill Clinton e hoje professor na Universidade de Maryland.
"Diante de duas guerras no exterior e da crise financeira internacional, não pode haver um período no qual o novo governo fique apenas ganhando velocidade", disse Galston.
Todos os olhos no Tesouro
Alguns analistas acreditam que os ocupantes de certos cargos, tais como o de secretário do Tesouro, poderiam ser anunciados poucos dias depois da eleição e já há especulações em torno de vários nomes.
O próximo titular do posto herdará uma das missões mais complicadas de Washington --estará encarregado tanto de comandar o pacote de 700 bilhões de dólares para salvar a economia como da reforma nos mecanismos de regulamentação a fim de evitar uma repetição da crise atual.
Caso Obama saia vencedor, a lista dos candidatos ao comando do Tesouro incluem o ex-ocupante do cargo Larry Summers, o ex-presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA) Paul Volcker e Timothy Geithner, presidente do Federal Reserve de Nova York.
Os dois candidatos falaram de maneira elogiosa sobre o investidor Warren Buffett, que apóia o democrata nesta eleição.
McCain também mencionou a ex-dirigente do eBay Meg Whitman e o diretor-executivo da Cisco Systems, John Chambers, como nomes em potencial para comandar o Tesouro. Também poderia ser escolhida Sheila Bair, chefe do Federal Deposit Insurance Corp, que defende um plano para modificar as hipotecas a fim de evitar a falta de pagamento da parte de devedores.
Para o posto de secretário de Estado, no caso de uma vitória de Obama, foram citados o senador democrata John Kerry, o ex-diplomata Richard Holbrooke, o senador republicano Chuck Hagel e o ex-senador democrata Sam Nunn. O senador Joseph Lieberman, um político independente, e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, são nomes que seriam avaliados por McCain.
Os dois presidenciáveis podem considerar ainda a hipótese de deixar no cargo de secretário de Defesa Robert Gates. Obama talvez avaliasse a possibilidade de colocar nesse posto o ex-secretário da Marinha Richard Danzig, um assessor próximo dele.