Presidente-eleito Mauricio Funes (esq.) comemora a virória nas urnas com a multidão em El Salvador| Foto: Jose Cabezas / AFP Photo

Longe das épocas de confrontação da Guerra Fria, a ex-guerrilha que venceu as eleições de domingo em El Salvador quer governar próximo dos Estados Unidos, onde vivem milhões de salvadorenhos que são o sustento do país, disse o presidente-eleito Mauricio Funes.

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Em entrevista à Reuters, ele declarou também que pretende se inspirar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva como exemplo de como administrar a crise global, que afeta El Salvador duramente devido à redução nas remessas financeiras de salvadorenhos no exterior.

"Eu aspiraria a estreitar as relações com o presidente (dos EUA, Barack) Obama, para garantir a estabilidade migratória dos quase 2,5 milhões de salvadorenhos que vivem e trabalham nos Estados Unidos", disse Funes momentos depois de vencer a eleição.

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Nesta segunda-feira, o Departamento de Estado dos EUA cumprimentou Funes pela vitória e disse que Obama está disposto a trabalhar com ele.

Esse conhecido jornalista de 49 anos, que nunca participou da luta armada salvadorenha, obteve 51,27 por cento dos votos, na quarta eleição presidencial do país desde o fim da guerra civil (1980-1992). É a primeira vez que a ex-guerrilha Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) chega ao poder, encerrando 20 anos de governos da direitista Arena (Aliança Renovadora Nacional).

Observadores viram na eleição dele mais um capítulo do avanço da esquerda na América Latina, um processo capitaneado pelo venezuelano Hugo Chávez, que tem frequentes atritos com Washington.

Funes, no entanto, parece disposto a evitar atritos com os EUA e a seguir uma esquerda mais moderada.

Ele disse que admira o governo Lula - um dos primeiros a cumprimentá-lo pela vitória - sobretudo por manter a estabilidade macroeconômica do país em meio à crise, e por seus programas de combate à pobreza, problema que em El Salvador afeta mais de metade da população.

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"Eu vejo com especial atenção construir relações mais estreitas com o governo do presidente Lula", disse Funes, que só aderiu à FMLN quando foi indicado candidato, e em seu programa de entrevistas fazia duras críticas à corrupção nos governos da Arena.

Lula, para Funes, é "um líder em nível latino-americano a quem admirei e sobretudo vi com especial atenção seus programas econômicos para manter a estabilidade macroeconômica do Brasil".

A futura primeira-dama de El Salvador, Vanda Pignato, é brasileira e até recentemente era representante do PT em El Salvador.