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Para o diretor do programa de estudos africanos da Chatham House, Alex Vines, a prisão do presidente Laurent Gbagbo é positiva. Mas o princípio de guerra civil dificultou uma missão já complicada de unificar uma nação com divisões mais profundas.

A prisão de Gbagbo vai enfim trazer normalidade para a Costa do Marfim?

Foi um grande passo, tanto é que os mercados internacionais reagiram com otimismo ao anúncio da captura. Mas é preciso observar o desenrolar dos acontecimentos. Gbagbo pode estar isolado em termos militares, só que obteve quase 46% dos votos na eleição presidencial, o que sugere, no mínimo, apoio substancial de parte da população. Vê-lo exilado terá um efeito bem diferente do que um julgamento.

Mas isso não sugere uma importância maior para as divisões entre cristãos e muçulmanos e entre etnias?

Os marfinenses estão cansados de guerra. Há 10 anos seu país está dividido e houve duas guerras civis. As pessoas querem ver a vida voltar ao normal, e certamente não estão felizes com a presença de tropas estrangeiras, sem falar no festival de sanções afetando a economia de um país que depende muito do comércio internacional, mais especificamente da exportação de cacau. Nem por isso a missão de Ouattara será simples. Ouattara precisa unir o que está muito dividido.

O senhor acredita no potencial de Ouattara?

Ele precisará fazer um governo de unificação nacional. A reconciliação será fundamental para o sucesso de qualquer plano na Costa do Marfim. Será crucial mostrar ao povo a importância de uma ação coletiva para que a vida volte ao normal. Diferenças à parte, os marfinenses estão no mesmo barco no que diz respeito a uma economia afetada e à necessidade de seguir em frente.

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