O caso Amia, no qual o promotor Alberto Nisman acusava a presidente Cristina Kirchner e aliados de seu governo de encobrir acusados do atentado de 1994 à Associação Mutual Israelita Argentina, ficará a cargo agora do juiz Daniel Rafecas, com investigação pelo promotor Gerardo Pollicita. De acordo com o jornal "Clarín", o novo responsável pelas acusações apresentadas por Nisman, morto com um tiro na cabeça em 18 de janeiro, pretende indiciar Cristina, o chanceler Héctor Timerman e os demais envolvidos no relatório de 300 páginas escrito pelo promotor.
Pollicita deve começar ainda nesta sexta-feira (13) a tomar medidas para tentar comprovar as afirmações que Nisman fez ao longo de sua denúncia. Para isso, ele oficialmente confirmaria que o teor das acusações nasceu de fatos comprováveis, e não inventados versão na qual o governo tem insistido.
Entre os principais pontos, estão um suposto esforço da presidente e de líderes sindicais para negociar com membro de alto escalão do Irã que mantinham relações com os acusados do atentado a carro-bomba que matou 85 pessoas em Buenos Aires. Até mesmo o então embaixador venezuelano em Buenos Aires foi citado por Nisman, que morreu um dia antes de apresentar formalmente os termos da denúncia no Congresso.
Quebra de sigilo
O "Clarín" apurou que o juiz Rabecas planeja centrar as investigações nas motivações e nas fontes do promotor para realizar a denúncia. Nisman tinha como foco a quebra de sigilo de informações do ministério das Relações Exteriores, já que acusava o chanceler Timerman de ser interlocutor da Argentina com o Irã no suposto encobrimento.
Alguns dos temas centrais da acusação de Nisman apontam que os membros do governo de Cristina fizeram uma aproximação secreta com o alto escalão iraniano em 2011, condicionando negociações sobre petróleo e energia ao apoio a acusados vinculados ao governo e ao Hezbollah. Em 2012, os dois países assinaram um memorando de entendimento para investigar o caso Amia, com apoio das famílias das vítimas. O promotor garantia que os termos do acordo estavam pré-definidos muitos meses antes entre a chancelaria argentina e interlocutores dos acusados.
De acordo com o promotor, durante o governo de seu falecido marido, Néstor Kirchner, a Argentina mantinha linha dura no caso e não negociava com o Irã.
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