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Autoridades do Daguestão em sinagoga em Derbent, um dos locais dos atentados terroristas de domingo (23)
Autoridades do Daguestão em sinagoga em Derbent, um dos locais dos atentados terroristas de domingo (23)| Foto: Sergei Melikov via Telegram/Handout via REUTERS

Repetindo o que haviam feito após um atentado a uma casa de shows na região de Moscou em março, autoridades da Rússia estão culpando a Ucrânia e o Ocidente por ataques terroristas na região do Daguestão, que deixaram dezenas de mortos e feridos no domingo (23).

Terroristas atacaram duas igrejas ortodoxas russas, duas sinagogas e um posto da polícia de trânsito nas cidades de Derbent e Makhachkala, deixando 20 mortos (entre civis e agentes de segurança) e 26 feridos.

Segundo informações do Washington Post, um parlamentar do Daguestão, Abdulkarim Gadzhiev, disse que os atentados foram planejados por “serviços especiais da Ucrânia e dos países da OTAN”.

Valentina Matviyenko, presidente do Conselho da Federação, o equivalente ao Senado na Rússia, também atribuiu os ataques a agentes externos.

“A tragédia no Daguestão é uma provocação absolutamente cínica e cuidadosamente planejada vinda do exterior”, afirmou.

Ainda no domingo, a Al Azaim Media, um canal de língua russa no Telegram associado ao Estado Islâmico Província de Khorasan (EI-K), afirmou que os atentados foram uma resposta a um “apelo” para que ataques fossem feitos em nome do EI.

“Nosso recente apelo não demorou muito para ser atendido. Nossos irmãos do Cáucaso nos mostraram que ainda são fortes. Eles mostraram do que são capazes”, disse a Al Azaim Media.

O Daguestão é uma república russa localizada no sudoeste do país, em que mais de 80% da população é muçulmana.

Um ataque a uma casa de shows em 22 de março na região de Moscou, que matou 145 pessoas e deixou 551 feridas, foi reivindicado pelo EI, mas mesmo assim o ditador da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu que a Ucrânia poderia estar por trás do atentado.

Para analistas, dois ataques terroristas de grandes proporções no intervalo de apenas três meses, ambos provavelmente promovidos pelo terrorismo islâmico, mostram que o Kremlin tem sérias fragilidades na sua segurança interna, mas o caso específico do Daguestão também pode ser um indício do sentimento de rancor em determinadas regiões russas devido à guerra na Ucrânia.

“O elevado número de mortos entre os policiais [nos ataques no Daguestão] sugere que eles foram fortemente visados ​​ou encontraram forte resistência quando intervieram. A guerra na Ucrânia – com agentes da polícia sendo enviados para a frente de batalha – deixou a aplicação da lei na Rússia sobrecarregada em todo o país”, afirmou em artigo Nick Paton Walsh, correspondente-chefe de segurança internacional da CNN.

“Mas a situação é particularmente ruim no Daguestão, onde eclodiram protestos nos primeiros meses da guerra, uma vez que os seus filhos foram desproporcionalmente mobilizados [para lutar na Ucrânia]”, acrescentou.

Em artigo para o jornal britânico The Telegraph, Samuel Ramani, pesquisador em relações internacionais da Universidade de Oxford, afirmou que “a Rússia está desmoronando por dentro”.

“A guerra na Ucrânia está semeando discórdia dentro da Federação Russa. O Kremlin não pode evitar essas tensões para sempre”, afirmou.

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