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Presidente paraguaio, Fernando Lugo, nomeou novos comandantes para as forças armadas do país | Reuters
Presidente paraguaio, Fernando Lugo, nomeou novos comandantes para as forças armadas do país| Foto: Reuters

Os novos comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha assumiram seus cargos nesta quinta-feira no Paraguai. Um dia antes, o presidente Fernando Lugo afastou os comandantes militares anteriores, após rechaçar vigorosamente qualquer risco de golpe de Estado promovido pelos militares. O presidente paraguaio não fez declarações nesta quinta-feira sobre as mudanças.

O governo deixou claro que Lugo procedeu de acordo com suas atribuições constitucionais ao realizar as mudanças. Um ex-comandante das Forças Armadas, porém, afirmou que Lugo faltou ao respeito com os chefes afastados.

A mudança dos integrantes da cúpula militar ocorreu um dia depois de Lugo assegurar que, como comandante em chefe das Forças Armadas, "não existe nenhum perigo de golpe de Estado promovido pelos militares".

Paralelamente, uma maioria de parlamentares da situação e da oposição ameaçou abrir um processo político contra Lugo, argumentando sua suposta "inépcia para governar". Um aliado do líder, o dirigente de esquerda Hugo Richert, do grupo Convergência Socialista, reconheceu que "Lugo não é um estadista, mas toda a sociedade não tem experiência para administrar assuntos públicos, porque nos últimos 60 anos um só partido, o Colorado, teve em suas mãos o poder".

O Partido Colorado, no entanto, tem a maioria no Congresso e sugeriu, sem mostrar provas, que Lugo é um aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e tenta impor uma agenda "chavista" ao Paraguai.

"Lugo leva adiante um plano chavista que consiste em criar caos no país, para declarar o estado de emergência e assumir todos os poderes no Paraguai", sugeriu o senador Juan Carlos Galaverna.

Os opositores do presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, fizeram acusações semelhantes antes de promoverem o golpe de Estado que afastou o presidente hondurenho em 28 de junho. Mas as forças militares paraguaias não são mais o poderoso grupo que eram durante a ditadura de Alfredo Stroessner, que acabou em 1989. O general da reserva Luis Benítez disse que a Aeronáutica é apenas uma armada simbólica, sem aviões militares capazes de voar, e que também faltam tanto à Marinha quanto ao Exército poderes de força militar efetiva. O orçamento militar foi cortado várias vezes e o arsenal agora é obsoleto. A Constituição do Paraguai de 1992 declara que o país renunciou à guerra. A postura preocupa alguns militares, porque alguns vizinhos estão modernizando seus arsenais.

A atitude de Lugo foi criticada pelo general reformado Mario Soto, ex-comandante das Forças Armadas no governo de Nicanor Duarte (2003-2008). Segundo ele, Lugo fez as mudanças logo depois de dizer que "existiriam militares expostos à manipulação política". "Esses chefes destituídos ficaram como golpistas frente à opinião pública", disse Soto.

Paternidade

As aventuras amorosas do passado seguem perturbando Lugo, um ex-bispo católico. Uma terceira mulher, Hortensia Damiana Morán, entrou na justiça local afirmando que seu filho Juan Pablo, de 2 anos, é também de Lugo.

Hortensia, de 40 anos, militou na diocese de San Lorenzo, onde Lugo também atuou, e participou da campanha presidencial de 2006 Em abril, ela havia afirmado que não entraria na justiça para garantir a paternidade.

Apesar disso, a juíza Sandra Sánchez, da cidade de San Lorenzo, 16 quilômetros a leste de Assunção, informou que recebeu a demanda. Nesta quinta-feira, Lugo e seu advogado Marco Fariña receberam cinco dias para apresentar uma resposta à ação.

Viviana Carrillo, de 26 anos, foi a primeira a ter êxito em seu processo para que Lugo assumisse uma paternidade, em abril. O próprio presidente logo reconheceu que o pequeno Guillermo Armindo era seu filho.

Benigna Leguizamón, a segunda mulher com quem o então bispo teria mantido um relacionamento na diocese de San Pedro, continua com um processo na Câmara de Apelações, em Ciudad del Este, 320 quilômetros a leste da capital. O tribunal deve decidir se Lugo se submete a um teste de DNA em Assunção ou precisa viajar para Ciudad del Este para o exame.

Benigna garante que seu filho Lucas Fernando, de sete anos, é produto de um rápido relacionamento entre ela e Lugo, enquanto ele era religioso e ela trabalhava na limpeza da diocese.

O ministro de Interior, Rafael Filizzola, disse que o novo processo não afetará a imagem do líder. "Não se deve misturar assuntos particulares com o governo", notou.

Lugo foi liberado de seus votos de pobreza, castidade e obediência em julho de 2008, pelo papa Bento XVI, mas segue solteiro. Em 16 de agosto, dia das crianças no Paraguai, ele levou Guillermo Armindo até sua residência, para passarem o dia juntos.

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