Os estudantes chilenos realizaram nesta quinta-feira um novo protesto em Santiago, marcado por confrontos, como forma de pressão para uma mesa de diálogo com o governo que deve ser instalada nas próximas horas para resolver o longo conflito exigindo educação pública de qualidade.
A manifestação, da qual participaram milhares de universitários, secundaristas e professores, começou na metade da manhã em frente à Universidade de Santiago, no centro da capital chilena, em uma rua vigiada pela polícia.
Mais de 90.000 estudantes participaram do protesto, segundo os organizadores, enquanto a polícia ainda não tinha uma estimativa.
O protesto foi iniciado de forma pacífica, mas uma confusão fez com que alguns participantes saíssem da rua para a qual o protesto tinha sido autorizado, o que derivou em uma ação da polícia, que utilizou bombas de gás lacrimgêneo e jatos d'água para dispersar os manifestantes perto de um dos prédios da Universidade do Chile, onde a marcha deveria ser concluída com um ato cultural.
Entre os manifestantes estavam centenas de encapuzados - como nos protestos anteriores - que lançavam paus, pedras e tinta contra os oficiais, além de armar barricadas e destruir bens públicos, o que deu origem a um violento confronto com a polícia, que pôs fim à manifestação, segundo disseram líderes estudantis.
Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia contra os manifestantes caíram em casas e edifícios privados, causando alarme entre os moradores da região onde os incidentes ocorreram, segundo imagens divulgadas pela televisão chilena.
Camila Vallejo, uma das emblemáticas líderes estudantis, queixou-se da ação policial, afirmando que "é o cúmulo que nos reprimam dessa forma". "Os policiais tinham que ter colaborado para controlar a manifestação, mas não reprimi-la. Se havia estudantes que achavam que a manifestação seguia por outro caminho, deviam tê-los guiado".
O protesto une-se a outros que desde maio alcançaram uma participação superior às 80.000 pessoas e que também terminaram em confrontos.
O protesto ocorre como uma prévia de um diálogo proposto pelo governo para destravar o conflito, que os estudantes aceitaram e que está previsto para as 17h00 locais (mesmo horário em Brasília) no Ministério da Educação, segundo disseram líderes estudantis a veículos da imprensa local, mas que não foi confirmado pelas autoridades.