Os dez novos membros do gabinete do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, assumiram nesta quinta-feira (26) seus cargos após serem nomeados na quarta-feira (25) à noite para substituir ministros envolvidos em um escândalo de corrupção.
A cerimônia de transferência de cargo foi realizada em Ancara e os ministros investigados fizeram questão de afirmar que são inocentes.
Os filhos dos ex-ministros do Interior e Economia estão desde sábado em prisão preventiva, acusados de pertencer a uma rede de corrupção, enquanto o filho de Erdogan Bayraktar, ex-ministro de Urbanismo, está em liberdade condicional.
Bayraktar, que ontem aconselhou Erdogan a também renunciar, não repetiu hoje suas acusações de responsabilidade compartilhada.
As demissões dos ministros de Justiça, Transportes e Família eram previsíveis pois os três serão candidatos a prefeitos nas eleições de 30 de março.
Embora não tenha familiares acusados, o influente ministro de Assuntos Europeus, Egemen Bagis, também está sendo investigado, segundo o jornal Hürriyet Daily News, e teve que ceder seu posto a Mevlüt Çavusoglu, ex-presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
A maioria dos novos ministros são deputados sem perfil público e praticamente desconhecidos para grande parte da sociedade, embora sejam leais a Erdogan.
O novo titular de Interior, Efkan Asa, anterior subsecretário do gabinete do primeiro-ministro, é conhecido por ser um de seus colaboradores mais fiéis e próximos.
A crise do governo, no entanto, não termina com a substituição de 10 dos 25 membros do gabinete pois a investigação ainda pode ser ampliada.
Segundo o jornal Today's Zaman, o Ministério Público de Istambul ordenou ontem a detenção de outras 30 pessoas, entre elas homens de negócios e altos cargos públicos, mas a polícia se negou a cumprir a ordem.
Mais de 100 chefes da polícia foram suspensos ou transferidos nos dias anteriores, o que foi a primeira reação do governo diante da investigação por corrupção.
A segunda rodada de prisões, segundo o jornal, está relacionada a desvios de mais de US$ 100 bilhões da empresa pública de trens e incluiria um filho do próprio Erdogan.
O primeiro-ministro pareceu confirmar a notícia em declarações ao Hürriyet Daily News publicadas hoje, nas quais assegurava que ele próprio era o alvo da investigação, que iria atingir uma fundação dirigida por Bilal Erdogan, filho do primeiro-ministro, e líderes de seu partido.
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