Algumas das principais cidades russas estão se preparando para receber neste fim de semana mais uma série de protestos contra a fraude governista nas eleições parlamentares do último domingo.
Nesta sexta-feira, a imprensa local informou que mais de 30 mil pessoas devem comparecer às manifestações antigovernamentais, que poderia se transformar no protesto mais numeroso do país desde os anos 90.
"Todos queremos participar do comício que será realizado com as autoridades de Moscou na Praça Bolotnaya", afirmou nesta sexta-feira Boris Nemtsov, um dos líderes da oposição não parlamentar russa, em entrevista à agência "Interfax".
A princípio, os opositores deveriam se reunir na Praça da Revolução, junto ao Kremlin. Porém, para evitar possíveis incidentes, a Prefeitura acabou propondo outra alternativa, já que esse lugar não poderia acolher todas as pessoas que a oposição espera reunir.
No entanto, mesmo com a mudança imposta pela Prefeitura, parece que parte da oposição ainda insiste em se reunir na Praça da Revolução e depois seguir em passeata até a Bolotnaya, uma ação que não contaria com a autorização oficial e que poderia gerar uma intervenção por parte da Polícia.
Aproximadamente 10 mil pessoas devem comparecer no próximo sábado ao centro de São Petersburgo para protestar contra o partido governista Rússia Unida (RU), o mesmo que está sendo acusado de falsificar os resultados das eleições parlamentares para obter a maioria absoluta na Duma, a câmara baixa do Parlamento russo.
Além de Moscou e São Petersburgo, as principais cidades da parte europeia da Rússia também serão palco de ações antigovernamentais no sábado e no domingo.
Milhares de pessoas expressaram seu desejo de participar dos protestos nas grandes cidades industriais de Nizhni Novgorod, Samara, Kazan, Yekaterimburg, Rostov do Don, Perm, Volgogrado, Murmansk ou o enclave báltico de Kaliningrado.
Além das cidades citadas, as manifestações antigovernamentais também serão realizadas nos principais centros urbanos da Sibéria e do Extremo Oriente, como Novosibirsk, Omsk, Krasnoyarsk, Irkutsk, Khabarovsk e Vladivostok.
Ao contrário dos protestos realizados nesta semana em Moscou e São Petersburgo, que foram convocados e protagonizados pela oposição mais radical ao Kremlin, as manifestações previstas para o sábado e domingo deverão contar com a presença dos comunistas.
Em relação às manifestações populares, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, assegurou na última quinta-feira que a oposição tem o direito de se manifestar e exercer o que qualificou de "democracia andarilha", mas enfatizou que os protestos devem ocorrer dentro da lei.
"Sabemos muito bem que em nosso país as pessoas não querem que ocorra o mesmo que no Quirguistão e na Ucrânia. Ninguém quer o caos", afirmou Putin, em alusão às revoluções pacíficas ocorridas em ambas as ex-repúblicas soviéticas.
Putin também acusou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, de incentivar os protestos populares na Rússia ao questionar a legalidade das eleições legislativas.
Desde a realização das eleições parlamentares na Rússia, no último domingo, mais de mil pessoas já foram presas em protestos contra a fraude governamental no pleito, a maioria em Moscou e São Petersburgo.